Recentemente no município de Campo Erê, foi detectado dois casos de chikungunya importados de outro município. A Secretaria Municipal de Saúde reforça os cuidados que a população deve ter para evitar a propagação dos casos.
A enfermeira de vigilância sanitária, Samara Ronchi, explica que, ao contrário da dengue, a chikungunya é prolífica e, durante o período crônico, os pacientes podem apresentar dores articulares, musculares e fraqueza. De acordo com a enfermeira, é bem comum a chikungunya ter cronificação do quadro do paciente.
“Por isso que a chikungunya é tanto, ou mais, preocupante quanto a dengue. Na dengue, o grave é o quadro hemorrágico, o quadro agudo, mas na chikungunya, o grave é essa cronificação que demanda fisioterapia, medicação e às vezes o paciente não consegue ficar bem por muito tempo”, descreve Samara.
Além dos dois casos positivos de chikungunya, o município conta com mais quatro casos em investigação, dois de deslocamento e dois sem. Samara explica que os demais casos não têm vínculos com os dois casos confirmados.
No ano passado o município começou a registrar os primeiros casos de dengue no mesmo período do ano, porém nesse ano registrou primeiro os casos de chikungunya. Na última semana a Secretaria de Saúde realizou a aplicação do inseticida a ultra baixo volume (fumacê) nos pontos de circulação das duas pessoas que foram diagnosticadas com chikungunya.
O calor influencia na propagação dos casos, por isso é necessário que a população esteja vigilante. Da mesma forma que a dengue, a chikungunya é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, os sintomas iniciais também não são diferentes, a exemplo de febre, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores no corpo e equisentema, que são as manchas vermelhas pelo corpo.
A diferença é que essas dores nas articulações continuam por um bom tempo, após diagnosticados: “Faz um processo inflamatório das articulações de joelho, cotovelo e costas. Nós dizemos que são os anticorpos que ficam por ali e o corpo fica tentando combater esses anticorpos, que se assemelham a algumas proteínas do nosso corpo”.
Com o objetivo de não repetir o mesmo número de casos que houve no ano passado com a dengue, neste ano, com a chikungunya, a Secretaria de Saúde está em estado de alerta, devido ao grande número de casos de arboviroses [doenças virais transmitidas por insetos e aracnídeos, como mosquitos e carrapatos], algo que não acontecia há muitos anos.
De acordo com Samara, a equipe de Vigilância em Saúde e Vigilância Ambiental está mais preparada para identificar casos suspeitos e orientar a população quanto à gravidade das doenças. “No combate à dengue, chikungunya e ao mosquito Aedes Aegypti, 50% faz parte do nosso trabalho, mas os outros 50% é a população que combate”, declara a enfermeira Samara.
Cuidados da população
“Acredito que a população ainda não sentiu na pele todo o poder que tem essas doenças”, declara a enfermeira. No ano passado muitas famílias campoerenses foram diagnosticadas com a dengue, porém para que isso não ocorra novamente a população precisa estar em alerta.
Os cuidados são os mesmos que a dengue, a população deve eliminar os criadouros, quebrando o ciclo de transmissão e de vida do mosquito. Para isso é importante eliminar qualquer coisa que possa acumular água parada, a exemplo de lixos, calhas, caixa d' água destampada, vasinhos de plantas, reservatórios, pratinho dos animais, pneus, garrafas e brinquedos.
“Precisamos cuidar o tempo inteiro, não somente agora na época da dengue e da chikungunya, mas o ano todo. Sabemos que esse é o nosso maior problema, é um trabalho incansável, essa é a nossa guerra diária”, informa Samara.
Dengue
Quanto à dengue, Samara relata que há oito casos suspeitos de dengue, desses, seis foram descartados, enquanto os outros dois estão em análise: “Sabemos que vários municípios começaram a positivar os casos, então é uma situação natural de acontecer”.
No ano passado Campo Erê registrou aproximadamente 600 casos positivos e um óbito, o fato de ter sido um ano quente influenciou na propagação dos casos. De acordo com a enfermeira, a Secretaria de Saúde acredita que deva ter chegado até 2 mil casos: “Sempre jogamos a mais, porque há pessoas que não procuraram o atendimento, outras que foram assintomáticas e o resultado do exame deu negativo, passando despercebido pela equipe que tratou como outra coisa”.