Na cidade de São José do Cedro, dona Suzana Lorenzet Ranzan, de 73 anos, mantém viva uma tradição que poucos ainda conhecem: o preparo artesanal do colorau, feito a partir dos grãos de urucum. O costume aprendeu ainda jovem, quando trabalhava como empregada doméstica: “A mulher que me dava serviço fazia assim. Eu aprendi com ela”.
O processo começa com a colheita dos cachos do urucum, que depois de levados para casa, é feita a retirada dos grãozinhos de dentro e misturados com farinha de. A mistura é então passada diversas vezes em uma pequena máquina manual, para extrair bem a cor.
“Não é só passar uma vez, tem que passar umas quatro vezes. Daí eu peneiro bem fininho e deixo secar uns oito dias na sombra, pra sair o cheiro forte que ele tem”, explica. O produto final é armazenado no congelador, sem adição de conservantes ou produtos químicos. “Dura bastante. E não precisa muito, só uma pontinha de colher já dá cor. Aquele comprado você coloca uma colher cheia e nem cor dá.”
Mesmo sem fazer para vender, ela se orgulha de manter o costume: “Faço só pro meu gasto. É sofrido, dá trabalho, mas é natural.”
Com simplicidade e paciência, dona Suzana mostra que, além de tempero, o colorau carrega memória, história e resistência.