A cidade de Palma Sola vive uma crise energética crônica que afeta diretamente a produção agrícola da região, bem como traz prejuízos ao comércio, indústria e residências na cidade. Com uma rede elétrica feita em 1978, o município enfrenta constantes oscilações de tensão e quedas de energia frequentes, prejudicando a atividade econômica local e em muitos casos freando o desenvolvimento de algumas atividades.
Na semana passada o prefeito de Palma Sola, Marcio Sansigolo, a vice-prefeita Nice Crestani convidaram alguns representantes da Celesc para vir até o município conversar com lideranças de diferentes setores e assim buscar soluções para os constantes problemas de oscilações e quedas de energia elétrica. O gerente regional da CELESC de São Miguel do Oeste, Sandro José Valmorbida não compareceu.
Frequentemente agricultores são obrigados a jogar leite fora porque os resfriadores queimaram ou pela simples falta de energia elétrica. Muitos já alternam o horário de trabalho para aqueles de menor pico, ou ainda, instalaram geradores de energia elétrica a gasolina para suprir a demanda. Na cidade não é diferente, há até residências domésticas instalando geradores a gasolina ou nobreaks de grande porte.
Reunião
Na reunião foi destacado o impacto das falhas constantes no fornecimento de energia, que tem gerado perdas financeiras consideráveis e colocado em risco a produção agrícola local.
A infraestrutura elétrica de Palma Sola é uma das mais antigas da região e já não é mais capaz de suportar a demanda atual. Produtores têm relatado voltagens abaixo de 190 volts, o que danifica equipamentos de grande valor, como sistemas de controle de máquinas e processadores de leite. Comerciantes da cidade também relatam que quando a energia elétrica volta, após as quedas, chega com mais de 240 volts e muitas vezes os equipamentos acabam queimando.
Quando se trata de redes monofásicas, bifásicas, ou residenciais os prejudicados até conseguem reaver parte dos prejuízos através de seguros próprios ou acionando a Celesc. Já grandes produtores com redes trifásicas relatam não conseguir fazer seguro dos seus equipamentos, lamentam a morosidade e falta de solução através de protocolos junto a Celesc. Em muitos casos há judicialização de processos -junto a Celesc - para reaver os prejuízos.
Justificativa da Celesc
Segundo Adriano Antônio Kinsel, Supervisor de Operação e Manutenção da subestação de energia elétrica de São José do Cedro muitos destes problemas de oscilações de energia elétrica são decorrentes de galhos, árvores e objetos que acabam tocando na rede de energia elétrica entre a subestação de Cedro até as unidades consumidoras do município de Palma Sola. “Há muitas plantações de eucalipto na região. A Celesc, embora reconheça o problema, enfrenta dificuldades em contratar equipes terceirizadas para a manutenção preventiva das linhas, o que piora a situação de quem depende dessa energia para manter suas atividades produtivas” explicou Kinsel.
Prejuízo dos agricultores
Os prejuízos são alarmantes, pois produtos como o leite precisam ser descartados quando a energia cai e os freezers são desligados. O impacto no setor agrícola é evidente, e as seguradoras se recusam a cobrir danos causados pela instabilidade elétrica.
Agricultores e lideranças locais cobram a construção de uma subestação de energia na cidade de Palma Sola, para descentralizar o fornecimento e diminuir a dependência da subestação de São José do Cedro ou da subestação de São Lourenço do Oeste. Também foi sugerida a ampliação da rede trifásica, assim como a instalação de reguladores de tensão para evitar os picos que estão causando os danos aos equipamentos.
O prefeito de Palma Sola, Marcio Sansigolo, se comprometeu a criar um canal de atendimento via WhatsApp para agilizar a comunicação entre a comunidade e a Celesc, contudo, ele reconheceu que a solução real para o problema depende de investimentos significativos em infraestrutura. “A situação é grave e exige um planejamento a longo prazo, com investimentos urgentes”, afirmou o prefeito durante a reunião.
O representante da Celesc, Adriano Kinsel, afirmou que a equipe regional está fazendo o possível. “Estamos buscando contratar mais empreiteiras para a manutenção, mas é uma questão estrutural que exige investimentos a longo prazo”, disse Kinsel.
Já o agricultor Volnei Zandona relatou que a oscilação de energia tem queimado seus equipamentos e vem comprometendo a produção. "Já perdemos R$ 50 mil este ano com a queima de placas. Não há seguro que cubra isso, o prejuízo só aumenta", disse Volnei.
A infraestrutura elétrica do município de Palma Sola é incapaz de suportar a demanda atual, havendo relatos de até 30 quedas e oscilações de energia em menos de 24 horas, causando prejuízos como a queima de equipamentos e em alguns casos até impedindo o desenvolvimento de alguns setores, especialmente na agricultura.
Pressão sobre as lideranças.
A pressão sobre as autoridades estaduais está aumentando. “Eu quero que o problema seja resolvido. Em reuniões políticas já conversei com o governador Jorginho Mello e falei que aqui em Palma Sola a situações tá feita. O Jorginho deve vir pra cá na fiscalizar a reconstrução do asfalto na SC-161, vamos cobrar dele uma solução junto a Celesc” afirmou Marcio, em entrevista ao jornal Sentinela.