O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é, para muitos estudantes brasileiros, o grande marco da vida escolar. Mais do que uma prova, ele representa a principal porta de entrada para a universidade e, consequentemente, para o futuro profissional. Para entender como esse desafio é encarado por diferentes alunos, foram entrevistados estudantes do nono ano ao terceiro ano do ensino médio da EEB Claudino Crestani, além da professora de Língua Portuguesa e Literatura, Danieli Mentz, que os ajudou durante a preparação para o ENEM durante o ano de 2024.
Terceiro Ano
Laura Ferazzo e Erika Folador, alunas do terceiro ano, estão na linha de frente para a prova. Ambas já participaram do ENEM anteriormente como treineiras, mas este ano enfrentam a prova valendo. Para Laura, a experiência das tentativas anteriores ajudou a diminuir o impacto emocional: “Dá muitas oportunidades para a pessoa, então, dá um nervosinho, mas acredito que quem se prepara chega no dia e está mais seguro para fazer a prova.”
Já Erika tenta seguir uma filosofia própria para manter a calma: “Apesar de tudo, eu tenho a consciência tranquila. Se não for esse ano, vai ano que vem. Às vezes, pensar demais só aumenta a ansiedade.”
Apesar das rotinas diferentes, ambas enfrentam os desafios da preparação intensa. Laura se dedica cerca de seis horas por dia, conciliando os estudos da escola com um foco extra para o vestibular. Erika, que também trabalha e lida com tarefas domésticas, encontra nos momentos disponíveis e em um curso online os meios para manter sua preparação ativa.
O desempenho de ambas advém de estratégias bem ajustadas à realidade de cada uma. Ambas priorizam a leitura e defendem a prática constante de escrita como chave para uma boa nota, o que as levou a tirarem notas excelentes na redação, Laura com 920 e Érika com 880.
“Cada um tem sua maneira. Eu, por exemplo, gosto de ver videoaulas, anotar tudo e depois revisar. Redação é treino. Matérias de exatas são questões, e é isso que tenho feito,” explica Laura. “E eu costumo rever o conteúdo tentando reexplicar o que o professor ensinou. E gosto de focar bastante em gramática, que ajuda muito na redação,” completa Erika.
Ambas concordam que apenas o conteúdo da escola não é suficiente para o ENEM. O estudo complementar, seja em cursos ou por conta própria, é essencial para atingir bons resultados.
“Estudar só na escola é difícil, porque o tempo de aula é limitado e nem sempre os colegas têm os mesmos objetivos. Quem quer um bom resultado precisa ir além,” avalia Erika.
Quando o assunto é ansiedade, Laura reforça: “É difícil ir 100% confiante, porque a ansiedade atrapalha. Você tem que estar preparado para lidar com isso. Confiar no que estudou, usar todo o potencial e controlar as emoções naquele momento.”
Segundo Ano
Paloma Sansigolo, do segundo ano, encara o ENEM como um terreno em que ainda é possível experimentar sem tanta pressão. Já participou como treineira em 2024 e vê essas experiências como forma de ganhar segurança para a prova definitiva no próximo ano: “Minha preparação está mais firme a cada dia. Ainda tenho dificuldades com rotina, não tanto com o conteúdo, mas com manter o hábito de estudar. Estou aprendendo a lidar com isso agora, para chegar melhor no ano que vem.”
Ela utiliza um curso online e destaca a importância da disciplina, mesmo nos dias em que falta motivação. Para ela, começar antes é uma forma de evitar o desespero de última hora. “Tem dias em que a motivação some, e é nesse momento que percebo como a disciplina é essencial. Mesmo com altos e baixos, estou aprendendo a lidar com isso agora, pra que no ano que vem eu consiga ter um ritmo mais natural e fluido” ressalta.
Primeiro Ano
Cristian Meireles Dapper, do primeiro ano, fará o ENEM como treineiro esse ano pela primeira vez. Apesar da distância do exame definitivo, já demonstra preocupação e interesse em se preparar. “Tô ansioso, sim. Ainda vou montar uma rotina de estudos. Pelo que vi, é bem complexo, tem que se preparar com antecedência,” conta.
O jovem acredita que mesmo as aulas regulares já podem ajudar. “Algumas questões mais fáceis a gente vê na escola, então dá pra tirar dúvida com o professor. Em casa é mais difícil.”
Nono Ano
Dieli Pedroso Pauletti e Laura Berti, do nono ano, ainda observam o ENEM como algo distante, mas já entendem sua importância. Dieli sonha cursar Direito, já Laura, Biologia, e já veem valor nas atividades em sala que simulam o estilo da prova. “Os professores já passam questões que caem no ENEM, então a gente vai se acostumando,” explica Dieli.
Apesar de ainda não se preocuparem diretamente com o exame, Dieli reconhece que a ansiedade chegará com o tempo: “Acho que quando chegar o momento, eu vou me preocupar bastante.”
A visão de uma educadora
A professora Danieli Mentz é responsável por orientar os alunos na redação do ENEM, que é um dos principais desafios da prova. Para ela, a leitura é a base de tudo: “Quem não lê, dificilmente vai escrever bem. A leitura ensina vocabulário, ortografia, argumentação.”
Além disso, a professora destaca a importância de praticar a escrita com frequência e de contar com feedbacks de colegas ou professores. Ela utiliza vídeos, oficinas, leitura de obras clássicas e orientação contínua em sala de aula para formar escritores mais preparados.
“A redação do ENEM tem uma estrutura específica, e nós trabalhamos cada parte dela ao longo do ano. Introdução, desenvolvimento e uma conclusão com os cinco elementos obrigatórios, isso precisa ser treinado,” explica.