Mais do que uma atividade cultural, a Festa do Livro da EEB Professora Elza Mancelos de Moura é um projeto pedagógico que envolve leitura, expressão, convivência e protagonismo. Em sua 16ª edição, reuniu mais de 3000 pessoas em apresentações baseadas nas obras “Alice no País das Maravilhas”, “Pinóquio” e “Fique onde está e então corra”. As apresentações reuniram alunos do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. A assistente técnico pedagógico, Rejane Goetz, explica que a festa nasceu para fortalecer a aprendizagem e hoje faz parte da identidade da escola. “É um espaço onde o aluno participa, cria, interpreta e se sente pertencente dentro do projeto.”
A festa começa muito antes de subir ao palco. As obras são escolhidas a partir de diagnósticos sociais e educacionais, como quais livros estão mais influentes nos dias atuais e quais trarão lições mais educativas, envolvendo professores e estudantes. Depois, o conteúdo é trabalhado em sala de aula nas mais diversas disciplinas, desde a interpretação em português até gráficos e orçamentos em matemática. O roteiro das peças é escrito por professores, mas adaptado com sugestões dos alunos. “Tem estudante que traz soluções criativas que surpreendem. Isso estimula o pensamento crítico e o trabalho em equipe”, destaca Rejane.
A vivência dos personagens também ensina sobre valores e responsabilidade. Vicente della Flora, do 7º ano, viveu Alf, personagem que busca o pai durante a guerra. “Aprendi a não desistir no meio do caminho.” Samuel Aman, também do 7º ano, interpretou o Coelho Branco e destacou a importância de não faltar aos ensaios. Já Samuel Espada, do 7º ano, foi um dos capangas na peça do Pinóquio e comentou que mesmo papéis pequenos exigem compromisso. “Se você se propõe a algo, tem que estar presente e dar o seu melhor.”
Ana Carmen Morgenstern, do 8º ano, interpretou o Grilo Falante e tirou uma lição sobre empatia: “Mesmo que o amigo ignore você, se for verdadeiro, não o abandona.” Ela também falou sobre a emoção de se apresentar na frente da família, momento em que o nervosismo se mistura com orgulho. “É quando a gente quer mostrar que se preparou, que está ali por inteiro.” Para todos, a festa não é só um evento. É uma oportunidade de crescer como estudante e como pessoa.
Além de despertar o gosto pela leitura, a Festa do Livro contribui com a oratória, a autoestima e a socialização. “Você aprende a falar melhor, a olhar para o público, a se portar. Isso vale pra vida”, diz Ana. E ao reunir estudantes de diferentes turmas, o projeto cria amizades que muitas vezes começam nos bastidores e continuam pelos corredores da escola.
A estrutura da festa foi montada em 15 dias no ginásio da escola, com apoio de alunos e professores. A comunidade também se envolve emprestando objetos para os cenários e roupas para os atores. Só na noite aberta ao público adulto, mais de 500 pessoas estiveram presentes. “Tinha pai esperando ansioso só pra ver o filho entrar em cena por alguns segundos”, conta Rejane. Segundo ela, o envolvimento das famílias reforça o vínculo com a escola. “Eles veem o quanto seus filhos são capazes.”