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09/06/2021 às 10h21min - Atualizada em 09/06/2021 às 10h21min

O cérebro apaixonado

Coluna de opinião do jornal impresso

Quando você se apaixona fica em um estado de demência temporária com sintomas de obsessão e compulsão. Calma, deixa eu explicar: é quase como se você ficasse permanentemente bêbado, sem a total capacidade de julgamento das situações e incapaz de controlar seus pensamentos e atos.
A paixão é uma emoção caracterizada por ser um período de alta intensidade, mas curta duração, em média de 12 a 24 meses, e é tão forte capaz de gerar alterações temporárias no cérebro.
Os dois hormônios que mais estão envolvidos na paixão são a ocitocina e a vasopressina, que basicamente são os responsáveis pela formação do apego entre as duas pessoas, a criação do vínculo entre vocês. É por isso que a pessoa pela qual você está apaixonado passa a ser o maior foco dos seus pensamentos, das suas ações e dos seus planos para o futuro. É justamente pela característica obsessiva da paixão que você quer estar com essa pessoa o tempo todo, que você busca alguma forma de se manter conectado, interagindo.
Além disso, a ocitocina e a vasopressina estão diretamente relacionadas ao sistema de recompensa do cérebro, que se liga à motivação e ao prazer. Isso significa que quanto mais você fica com essa pessoa, mais quer ficar. Nunca o tempo será suficiente, você sempre vai querer mais e mais.
Outra característica interessante é que o sistema de recompensa do cérebro também envolve a dopamina, que está ligada ao prazer. Durante a paixão, o seu cérebro fica em um estado hipodopaminérgico, o que significa que tem muita dopamina sendo liberada. É por isso que você fica mais enérgico, mais disposto, com mais vontade de fazer coisas juntos. É isso também que explica sua boa vontade em agradar, o aumento da sua disposição sexual, e o porquê de você fazer coisas que normalmente nem gosta, ou não faria, apenas para satisfazer a pessoa pela qual você está apaixonado.
O cortisol é outro hormônio bastante presente, e seus altos níveis explicam os sintomas de euforia, ansiedade e insegurança, que são três características do estresse. É por isso que durante a paixão tudo é muito intenso: as coisas boas são muito boas e as ruins também são amplificadas.
Quando se apaixona, você fica voluntariamente cego, ou seja, só vai ver as características da pessoa que você quer enxergar; você também fica permanentemente bêbado, ou seja, incapaz de avaliar as situações com o filtro da realidade e do bom senso.
E além disso tudo, fica vulnerável, ou seja, mais indefeso, mais suscetível ao sofrimento.
Mas, apesar disso tudo, a paixão é deliciosa, quando correspondida, caso contrário ela pode ser catastrófica para o seu psicológico.
É claro que essa é uma explicação mais científica, menos emocional. Portanto, neste sábado, quando olhar para a pessoa que está ao seu lado, ao invés de dizer que está temporariamente demente, cego voluntariamente, com sintomas de TOC e sem capacidade de julgar a realidade, é mais bonitinho dizer que está apaixonado, que o(a) ama e que está mais propenso a fazê-lo(a) feliz.


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