Dificuldades na produção de leite

Rodrigo e seu pai, Leocir Testa, vivem no interior de Flor da Serra do Sul e trabalham com vacas de leite há 35 anos. “Hoje temos 25 vacas leiteiras, nosso rebanho é 80% Jersey. A dieta dos animais é basicamente pasto, depois a silagem e a ração. Com isso produzimos 300 litros de leite por dia. Nossa propriedade é grande, então tentamos fazer um bom manejo do pasto para garantir o alimentos dos animais. Até porque, mantê-los só na silagem é caro, ainda mais com a última safra que foi ruim” explica o agricultor Rodrigo.
A última safra e a safrinha de milho foram prejudicadas pela estiagem e a cigarrinha. “Nossa propriedade não foi afetada pela cigarrinha, o que pegou foi a seca. A qualidade da nossa silagem baixou, ficou seca e fibrosa. Muitas propriedades vizinhas, sequer tiveram milho para colher. Só não fomos tão prejudicados porque sempre fazemos um silo de reserva, para caso ocorra um imprevisto. Normalmente plantamos três hectares de milho para silagem, ano que vem teremos que plantar mais, para garantir uma reserva maior” conta Rodrigo.
Rodrigo ainda contou que foi sorte a propriedade não ter sido atacada pela cigarrinha, se não, teriam que aumentar a quantidade de ração na dieta dos animais. “Ai se tornaria inviável por causa do preço da ração. Muitas propriedades vizinhas estão vendendo um animal para poder tratar o outro” diz ele.
Antes da pandemia, o custo para produzir um litro de leite era menor. “Dois anos atrás, custava em média R$ 0,62 para produzir um litro de leite, hoje está custando R$ 1,28. Um ano atrás sobrava R$ 1 limpo por litro, hoje sobra R$ 0,86” explica o agricultor.
A renda principal da família é o leite, mas eles plantam soja para complementar a renda. “Vendemos a soja em um preço bom, mas depois tivemos que comprar a ração que está cara. Está sobrando menos, mas muitos produtores que entregam 30 mil litros de leite a mais que nós, ganham ainda menos, por conta da qualidade do leite. Estamos felizes em entregar um produto de qualidade, mas nossa renda diminuiu. Não podemos aumentar o valor do leite aqui sem aumentar o preço no mercado e aí corre o risco das pessoas pararem de tomar leite se estiver muito caro, então não tem o que fazer” finaliza Rodrigo.


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