A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) identificou em São José do Cedro casos de greening em dois pomares de citros do município. Uma doença bacteriana que afeta os citros e que trouxe preocupação para produtores e especialistas. Para entender o que é a doença, a equipe do jornal Sentinela conversou com o agrônomo e extensionista rural da Epagri de São José do Cedro, Cleiton Leonardo Furlanetto.
A doença conhecida como greening, é causada por uma bactéria transmitida pelo inseto psilídeo, e pode levar à morte das plantas contaminadas, além de comprometer a produção de frutos.
De origem chinesa, o greening está presente no Brasil desde 2004, e foi identificado pela primeira vez em Santa Catarina em 2022. Porém somente neste ano, que a doença foi confirmada em pomares da região. Em São José do Cedro a doença foi identificada em pomares próximo ao Hotel Cedro e na linha Pelegrin.
Cleiton explica que há cerca de dois anos, a Cidasc tem monitorado a presença da doença na região do Extremo Oeste de Santa Catarina, por meio de armadilhas espalhadas em diversos pomares da região, inclusive no município cedrense, onde o principal objetivo é identificar se há o inseto ou plantas contaminadas com a bactéria.
Sintomas e impactos
Os sintomas do greening podem ser vistos durante o ano todo, com maior frequência entre o final do verão e o início da primavera. A doença manifesta-se por meio de alterações nas folhas, apresentando clorose [amarelamento das folhas], e nos frutos, que podem se tornar pequenos, deformados e amarelados antes da maturidade. Além de que em plantas novas, a árvore fica toda comprometida em torno de dois anos, já plantas mais velhas, podem levar de três a cinco anos para serem tomadas pelos sintomas.
Apesar de não representar risco à saúde humana, a doença causa danos significativos à cultura de citros, podendo comprometer pomares inteiros. "O Greening prejudica a formação da semente, afetando o desenvolvimento do fruto, que pode ficar com sabor amargo e perder valor comercial", detalha o agrônomo.
Cleiton explica que o controle da doença é um desafio para os produtores, pois a disseminação ocorre de maneira rápida entre os pomares. O inseto contaminado se desloca entre as plantas, propagando assim, a disseminação do greening.
Medidas de controle e prevenção
O combate ao Greening envolve a eliminação das plantas infectadas e o controle do inseto transmissor, através do uso de inseticidas e armadilhas luminosas com cola entomológica [são dispositivos que utilizam luz ultravioleta para atrair insetos, que ficam colados no refil adesivo].
O extensionista acrescenta que a aquisição de mudas certificadas é essencial para evitar a introdução da doença em novas áreas. Além disso, a presença de plantas de citros em áreas urbanas, podem contribuir para a propagação da doença: "Dificilmente o morador irá fazer o controle de insetos e pragas dessas plantas, o que pode servir como fonte de infecção para pomares comerciais", alerta o agrônomo. Ele sugere que medidas legais sejam consideradas para restringir o plantio de citros em áreas urbanas.
Prejuízos e perspectivas
Embora a cultura de citros em São José do Cedro, não tenha grande expressão econômica, a doença pode causar prejuízos significativos para pequenos produtores que dependem da venda dos frutos para o consumo local ou merenda escolar: "Os impactos são difíceis de mensurar, porque acaba não tendo aquela movimentação econômica que é calculada na Secretaria de Agricultura, por isso, os produtores não emitem nota fiscal, mas observamos um número crescente de casos", ressalta Furlanetto.
A Cidasc segue monitorando os dois pomares positivados pela doença e orientando os produtores a adotar medidas preventivas para evitar a propagação do greening. "A conscientização sobre a importância do controle da doença e o investimento em mudas certificadas são fundamentais para a preservação da cultura de citros na região", finaliza o especialista.
