Com o objetivo de promover os produtos à base de milho crioulo e valorizar a cultura alimentar foi realizado, no último fim de semana, o Festival Gastronômico Milhos Crioulos de Anchieta, no Salão Paroquial do município. A iniciativa foi da Administração Municipal e do Sebrae/SC, com apoio da Associação Anchietense de Turismo (Anchietur) e da Cooperativa da Agricultura (Cooperanchieta).
Mais de 800 pessoas apreciaram pratos típicos e receitas repassadas entre gerações, como pamonhas, bolos doces e salgados, sobremesas de milho, pães, bolachas, polentas, croquetes, empadinhas, esfirras, panquecas, pizzas artesanais, pastéis e sucos de milho. Além de aproveitarem da hospitalidade dos moradores de Anchieta, das bebidas artesanais produzidas na região, das oficinas gastronômicas e das apresentações culturais.
Para o prefeito Ivan José Canci o Festival Gastronômico foi a celebração da cultura e da história dos agricultores do território, que cultivavam e faziam alimentos a partir do milho crioulo. “Recuperamos essas receitas deliciosas junto à comunidade e disponibilizamos aos visitantes na forma de pratos doces, salgados, frios, quentes e com vários acompanhamentos. Essa iniciativa contribuiu para que a região fosse reconhecida devido às características exclusivas e essencialmente ligadas ao meio geográfico”, analisou. O prefeito também agradeceu a todos os servidores municipais comprometidos com a organização do evento, os parceiros que auxiliaram na concretização da proposta e ao público que esteve presente.
“Os milhos crioulos têm uma abordagem histórica e cultural que reflete todo trabalho desenvolvido pelos pioneiros nesse território. Por isso, sua importância vai além do nutricional e econômico, valorizando também os aspectos social e afetivo enraizado na população. Neste contexto, o trabalho realizado há um ano com a implementação da Indicação Geográfica (IG) vem a somar para novas matrizes econômicas, não somente para Anchieta, mas para toda a região extremo-oeste”, argumenta o gerente regional do Sebrae/SC no Oeste, Udo Martin Trennepohl.
Indicação Geográfica A proposta do Festival Gastronômico surgiu a partir das ações de estruturação do processo de Indicação Geográfica (IG), com o objetivo de qualificar e valorizar os produtos à base dos milhos crioulos de Anchieta. A iniciativa da IG é da Administração Municipal com o Sebrae/SC e apoio da Epagri, da UFSC, do Governo de Santa Catarina e da Cooperanchieta.
Os três eixos estratégicos e prioritários são: estruturação do processo de IG, ações de mercado e fomento ao empreendedorismo criativo. O propósito é preservar as tradições dessa cultura gastronômica, proteger a região produtora tanto nos aspectos culturais quanto econômicos, promover essas variedades, além de acessar mais e melhores mercados estimulando, também, um empreendedorismo criativo atuante na agregação de valor ao produto.
De acordo com o coordenador para projetos de IG do Sebrae/SC, Alan David Claumann, os milhos crioulos são produzidos por famílias de Anchieta e região e que há bastante tempo vem consolidando o território como grande polo de produção dessas sementes ancestrais, que trazem em si muito da história e da cultura da região. “O Festival Gastronômico oportunizou ao mercado regional conhecer a versatilidade, qualidade, aroma e cores que representam à população, além de uma possibilidade de geração de negócios com base nesse recurso único”, ressalta.
História Os milhos crioulos estão no território de Anchieta desde a década de 1950. A diversidade trazida foi sendo conservada pelos usos dos sistemas agrícolas. Muitas das variedades se desenvolveram por meio de policultivo e consórcios, com a realização das trocas entre famílias da mesma comunidade ou de outros municípios. Isso contribuiu para amplificar e manter viva essa cultura alimentar.
De acordo com a presidente da Cooperanchieta, Roselei Aparecida Ronsoni Wille, esse trabalho de proteção das sementes é realizado pela agricultura familiar. “O objetivo é garantir saúde aos produtores porque observamos que as sementes cultivadas nas propriedades são mais adequadas, mais resistentes as questões climáticas e têm um maior valor nutricional. Além da preservação do grão são aliadas ações de geração de renda às famílias para que possam se manter nas propriedades”, analisou.
Segundo ela, a partir de 2016 a cooperativa e o Grupo Raízes Ecológicas (produção orgânica) intensificaram o trabalho de resgate das sementes. “Atualmente a cooperativa acompanha todos os agricultores que têm sementes ou que estão dispostos a iniciar a preservação de alguma variedade do grão. Também foca na questão de gerar renda às famílias para que possam se manter na propriedade.
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