Divulgação Os búfalos são animais da família dos bovídeos, de origem asiática, são utilizados para produzir carne e leite para o consumo humano. Inclusive, com o leite de búfala cria-se um dos queijos mais nobres do mundo: a mozzarella de búfala. É um animal rústico, muito resistente e com grandes qualidades de adaptação ao meio ambiente. No Brasil, os primeiros búfalos chegaram entre os anos de 1890 e 1906, importados da Índia, Itália e da África. O país já teve um dos maiores rebanhos de animais no Ocidente e hoje conta com cerca de 1,5 milhão de exemplares espalhados por todo o território. Alguns desses exemplares estão em Campo Erê, na propriedade de Nivion Eugenio Bernart.
Nivion é produtor rural há 30 anos e trabalha com gado de corte, cria, recria e engorda. Sua criação de búfalos começou há 12 anos, quando por curiosidade ele adquiriu alguns animais de um amigo de São Tiago do Sul/SC. Além de achar o animal bonito, Nivion foi atraído por sua rusticidade. “É um animal que come capim tradicional, mas também arbustos e ervas daninhas. Ele come, aproveita e gosta de várias coisas que o gado de corte não gosta. Hoje tenho cerca de 20 animais, é um hobbie. Eu tenho um quiosque para lazer na fazenda e acomodei os búfalos ali por perto, então vamos lá nos finais de semana com a família e os búfalos estão ali, embelezando a paisagem”, relata o produtor.
Gado X Búfalo O búfalo necessita de muita água, por isso gosta de charcos e regiões pantanosas. A principal diferença entre eles e o gado comum é a rusticidade. Além de não ser exigente em alimentação, o búfalo tem capacidade digestiva 30% maior que do gado, mesmo em um pasto de baixa qualidade eles continuam gordos e sadios, é animal que dificilmente fica doente. “Nunca tratei um búfalo para amarelão, algo que é bem comum no gado tradicional. O que fazemos é dar vermífugo, mas não é algo muito necessário. Como eles andam muito na água, carrapatos e bernes, que são típicos do bovino, a gente não vê nos búfalos”, relata Nivion.
Conforme ele, o búfalo pode ser dócil ou agressivo, dependendo do manejo. “Eles têm uma convivência comigo, me conhecem, quando levo sal e chamo eles vêm, quando chacoalhamos uma árvore e caem frutas eles vêm comer em volta. Mas é sempre bom ter cuidado, nos rebanhos bovinos têm vacas mansas que quando criam ficam agressivas, com as búfalas é igual”. Nivion ainda relata que os animais ficam mais agressivos à noite: “Imagino que seja algo genético, porque eles são caçados à noite na savana e trazem esse instinto com eles”.
Uma característica muito marcante é que eles andam sempre juntos. Há um controle de manada muito grande entre os búfalos, e dificilmente os animais são vistos longe um dos outros.
A gestação é outro diferencial, enquanto a vaca carrega seu bezerro por nove meses, a búfala carrega por 11, ainda assim, Nivion informa que é possível tirar uma cria por ano, já que o animal entra no cio novamente em pouco tempo. “Outro diferencial é o peso, um bezerro é desmamado com 280, até 300 quilos. O macho reprodutor tem 1000 quilos, chegando aos 880 quilos na época de reprodução, quando ele anda mais e fica mais atento às fêmeas, que têm cerca de 700 quilos”, conta.
Em relação a carne, ela é bem vermelha, mas seu sistema se assemelha a carne de ovelha: ao abater um animal novo ela é saborosa, se for um animal velho, o gosto é mais forte. A gordura do búfalo também é um pouco diferente, se encaixando na caixinha das gorduras boas.
Criação comercial Nivion conta que há algumas produções extensivas da espécie em Lages e também no Rio Grande do Sul, mas com foco na carne e não no leite. “A mozzarella de búfala é muito apreciada e cara. Quem produz tem uma boa renda, mas não conheço quem tenha esse tipo de produção nas proximidades”.
Em relação à carne, quando comercializou algumas cabeças no frigorífico, Nivion se baseou no preço do Boi Gordo. “Em grandes centros é possível agregar mais valor ao produto e ter uma renda boa, em casas de carne especializadas as pessoas pagam caro pela carne de búfalo, mas na nossa região é quase uma novidade, então não há esse benefício. Se você trabalhar com o leite de búfala, a renda também é boa”, relata o produtor.
Hoje os búfalos não são fonte de renda para Nivion, ele faz algumas vendas esporádicas. Questionado sobre expandir o rebanho, ele informou que falta um mercado consumidor na região. “Já tive vontade de expandir a criação, mas justamente por não ter nada na região, que possibilite agregar valor, tudo está no campo das ideias. Se conseguíssemos parceria com um frigorífico para colocar o produto em casas de carnes com cortes especiais, aí sim a produção vai crescer. Mas são ideias para o futuro, já que não penso em me desfazer dos animais”, conclui Nivion.