02/01/2024 às 09h22min - Atualizada em 02/01/2024 às 09h30min

Única criação de búfalos na região está em Campo Erê

Nivion Bernart é dono de uma das únicas criações de búfalos na região. Ele conta algumas curiosidades sobre a espécie e fala da dificuldade de produzir em escala comercial

Da redação
Divulgação
Os búfalos são animais da família dos bovídeos, de origem asiática, são utilizados para produzir carne e leite para o consumo humano. Inclusive, com o leite de búfala cria-se um dos queijos mais nobres do mundo: a mozzarella de búfala. É um animal rústico, muito resistente e com grandes qualidades de adaptação ao meio ambiente. No Brasil, os primeiros búfalos chegaram entre os anos de 1890 e 1906, importados da Índia, Itália e da África. O país já teve um dos maiores rebanhos de animais no Ocidente e hoje conta com cerca de 1,5 milhão de exemplares espalhados por todo o território. Alguns desses exemplares estão em Campo Erê, na propriedade de Nivion Eugenio Bernart.
Nivion é produtor rural há 30 anos e trabalha com gado de corte, cria, recria e engorda. Sua criação de búfalos começou há 12 anos, quando por curiosidade ele adquiriu alguns animais de um amigo de São Tiago do Sul/SC. Além de achar o animal bonito, Nivion foi atraído por sua rusticidade. “É um animal que come capim tradicional, mas também arbustos e ervas daninhas. Ele come, aproveita e gosta de várias coisas que o gado de corte não gosta. Hoje tenho cerca de 20 animais, é um hobbie. Eu tenho um quiosque para lazer na fazenda e acomodei os búfalos ali por perto, então vamos lá nos finais de semana com a família e os búfalos estão ali, embelezando a paisagem”, relata o produtor. 
 
Gado X Búfalo
O búfalo necessita de muita água, por isso gosta de charcos e regiões pantanosas. A principal diferença entre eles e o gado comum é a rusticidade. Além de não ser exigente em alimentação, o búfalo tem capacidade digestiva 30% maior que do gado, mesmo em um pasto de baixa qualidade eles continuam gordos e sadios, é animal que dificilmente fica doente. “Nunca tratei um búfalo para amarelão, algo que é bem comum no gado tradicional. O que fazemos é dar vermífugo, mas não é algo muito necessário. Como eles andam muito na água, carrapatos e bernes, que são típicos do bovino, a gente não vê nos búfalos”, relata Nivion.
Conforme ele, o búfalo pode ser dócil ou agressivo, dependendo do manejo. “Eles têm uma convivência comigo, me conhecem, quando levo sal e chamo eles vêm, quando chacoalhamos uma árvore e caem frutas eles vêm comer em volta. Mas é sempre bom ter cuidado, nos rebanhos bovinos têm vacas mansas que quando criam ficam agressivas, com as búfalas é igual”. Nivion ainda relata que os animais ficam mais agressivos à noite: “Imagino que seja algo genético, porque eles são caçados à noite na savana e trazem esse instinto com eles”.
Uma característica muito marcante é que eles andam sempre juntos. Há um controle de manada muito grande entre os búfalos, e dificilmente os animais são vistos longe um dos outros.
A gestação é outro diferencial, enquanto a vaca carrega seu bezerro por nove meses, a búfala carrega por 11, ainda assim, Nivion informa que é possível tirar uma cria por ano, já que o animal entra no cio novamente em pouco tempo. “Outro diferencial é o peso, um bezerro é desmamado com 280, até 300 quilos. O macho reprodutor tem 1000 quilos, chegando aos 880 quilos na época de reprodução, quando ele anda mais e fica mais atento às fêmeas, que têm cerca de 700 quilos”, conta.
Em relação a carne, ela é bem vermelha, mas seu sistema se assemelha a carne de ovelha: ao abater um animal novo ela é saborosa, se for um animal velho, o gosto é mais forte. A gordura do búfalo também é um pouco diferente, se encaixando na caixinha das gorduras boas.
 
Criação comercial
Nivion conta que há algumas produções extensivas da espécie em Lages e também no Rio Grande do Sul, mas com foco na carne e não no leite. “A mozzarella de búfala é muito apreciada e cara. Quem produz tem uma boa renda, mas não conheço quem tenha esse tipo de produção nas proximidades”.
Em relação à carne, quando comercializou algumas cabeças no frigorífico, Nivion se baseou no preço do Boi Gordo. “Em grandes centros é possível agregar mais valor ao produto e ter uma renda boa, em casas de carne especializadas as pessoas pagam caro pela carne de búfalo, mas na nossa região é quase uma novidade, então não há esse benefício. Se você trabalhar com o leite de búfala, a renda também é boa”, relata o produtor.
Hoje os búfalos não são fonte de renda para Nivion, ele faz algumas vendas esporádicas. Questionado sobre expandir o rebanho, ele informou que falta um mercado consumidor na região. “Já tive vontade de expandir a criação, mas justamente por não ter nada na região, que possibilite agregar valor, tudo está no campo das ideias. Se conseguíssemos parceria com um frigorífico para colocar o produto em casas de carnes com cortes especiais, aí sim a produção vai crescer. Mas são ideias para o futuro, já que não penso em me desfazer dos animais”, conclui Nivion.
 
Receba as notícias do Portal Sentinela do Oeste no seu telefone celular! Faça parte do nosso grupo de WhatsApp através do link: https://chat.whatsapp.com/Bzw88xzR5FYAnE8QTacBc0
Siga nosso Instagram: https://www.instagram.com/jornalsentinela/
 

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Sentinela do Oeste Publicidade 1200x90