Plantio sem terra: o sistema de hidroponia

A hidroponia é um sistema de cultivo onde as plantas crescem em uma solução de água com nutrientes, sem terra. Com um rendimento maior que no sistema convencional, a hidroponia tem ganhado, aos poucos, espaço na região, principalmente no que diz respeito à produção de hortaliças.
Quem trabalha com cultivo em hidroponia há cerca de oito anos, é a família Sewald, de São José do Cedro. A família, que trabalhava com vacas de leite e cultivo de fumo, buscava um novo ofício, quando deu início ao cultivo de hortaliças no sistema convencional. “Estávamos em busca de um novo ramo ligado à agricultura, começamos com as hortaliças para complementar a renda. Hoje plantamos um pouco de milho, mas a renda principal vem do cultivo e da venda das hortaliças”, explica Juliano Sewald, ele e seus irmãos, Edson e Jair, trabalham com os pais Nelson e Lucia, ficando à frente da produção e da entrega das hortaliças.
Após um ano trabalhando com o cultivo convencional, a família partiu para a hidroponia, hoje conta com suas estufas, cada uma tem em média 400 metros de comprimento, são cerca de 120 mil plantas sendo produzidas na propriedade. A família tem no método de hidroponia a produção de alface, rúcula, agrião e temperos, como salsinha e cebolinha.
“Fizemos um investimento bem alto no início, temos quase R$ 1 milhão só em estufas, além do carro para fazer as entregas e os dois funcionários”, informa Juliano. Questionado sobre as principais vantagens da produção hidropônica, ele cita o aumento da produtividade e a menor mão de obra: “No plantio convencional produzimos seis vezes menos e tínhamos mais mão de obra. No estilo convencional a colheita demora mais e trabalhamos mais abaixados, o que não acontece agora, já que as bancadas permitem que a gente trabalhe em pé”, afirma.
Existem dois principais métodos de cultivo dentro da hidroponia: o sistema aberto e o sistema fechado. A família Sewald trabalha com o sistema de circulação aberto. Nesse sistema, há um tanque com soluções nutritivas (água e fertilizantes); canais de cultivo, na maioria das vezes canos de PVC e bombas que promovem a circulação da solução nutritiva dentro dos canos. Nos canos existem buracos, onde as mudas de hortaliças são alocadas. As mudas permanecem nos canos até o momento da colheita.
“A água fica girando dentro dos canos. Aqui temos um timer e a cada 15 minutos a bomba é acionada e a água bombeada. A planta consome essa água para crescer, em um dia quente, uma bancada consome entre 400 e 500 litros de água. Para suprir a necessidade de água, nós temos uma fonte modelo caxambu da propriedade, toda a água consumida vem dela”, explica Juliano.
Conforme ele, o ciclo da alface no modelo hidropônico demora de 25 a 30 dias, da rúcula, de 8 a 20 dias, do agrião cerca de 20 dias, os temperos demoram um pouco mais, de 30 a 40 dias. “Na terra esse ciclo demora um pouco mais, uma diferença de cinco dias mais ou menos”, informa.
Outro benefício do cultivo em hidroponia, é em relação às pragas. Não ocorrem perdas por ataques de lagartas e caramujos. “O que nós temos aqui, é que o técnico que presta assistência disse que não vai ter fim, é a tripes, então temos que aprender a lidar com ela”, conta o agricultor.
Em relação aos cuidados no cultivo das hortaliças, Juliano relata que além da adubação, a higiene é muito importante. Antes de cada novo plantio, as bancadas devem ser bem higienizadas. “Geralmente na segunda-feira chegam as mudas, na terça plantamos, na quarta e na quinta temos o serviço fora das estufas. Além disso, todos os dias temos colheita e entrega de hortaliças. São entregues diariamente 900 pés de alface, contando as entregas do agrião, das rúculas e dos temperos, temos 2000 entregas”, informa.
A família entrega as hortaliças nos municípios de Cedro, Guarujá do Sul, Princesa, Guaraciaba e São Miguel do Oeste.
Juliano conclui informando que a produção de hortaliças em hidroponia é um negócio rentável. “Os custos iniciais são altos, por conta do sistema de irrigação e das estufas. Ele exige manutenção das lonas e do sistema para irrigar. Mas é um sistema que se paga fazendo do cultivo em hidroponia um negócio rentável”, conclui Juliano.


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