Com a safra de soja do tarde, a expectativa é colher de 70/80 sacas por hectare. (Foto: Sofia Bertolin) A produção de soja no Brasil é estimada em 149,4 milhões de toneladas, o que representa queda de 3,4% se comparado com o volume obtido no ciclo 2022/23. A informação é da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento. Se for considerada a expectativa inicial desta temporada, a quebra chega a 7,8%, uma vez que a Conab estimou uma safra de 162 milhões de toneladas. Atraso no plantio devido às chuvas, seguido por chuvas irregulares e mal distribuídas, além das altas temperaturas, estão refletindo negativamente no desempenho das lavouras.
Em relação a produção de soja na nossa região, quem dá mais detalhes é o gerente da Coopertradição, unidade de Palma Sola, Valdenir Barbieri. Na sua região de atuação, a Coopertradição atendeu de oito a dez mil hectares de soja. Conforme ele, nas primeiras áreas colhidas a média é de 50/60 sacas de soja por hectare. “Estimamos colher uma média de 70/80 sacas por hectare, mas para isso precisamos aguardar a condução das lavouras plantadas na safra do tarde – de 15 de outubro até novembro e início de dezembro –, os tratos culturais que estão sendo feitos, a questão do clima também, tivemos a questão da estiagem em alguns locais isolados. A expectativa é boa, mas precisamos aguardar”, completa ele.
Valdenir adianta que os produtores enfrentaram dificuldades já no início do plantio, com alta precipitação bem na janela de início do plantio. Enquanto alguns produtores aguardaram e plantaram mais tarde, outros realizaram o plantio da soja em situações desfavoráveis, barro por exemplo, que dificulta a germinação da semente.
“Depois que o pessoal plantou a cultura veio se desenvolvendo bem. Tivemos algumas situações de ataques de lagarta e doenças, mas tudo controlável. Os produtores tiveram esse cuidado de não deixar as pragas evoluírem, realizando todos os tratos culturais necessários”, acrescenta o gerente, reiterando que as expectativas para a safra do tarde são boas.
O preço da soja
A quebra de safra no Brasil é estimada em 7% em relação à safra anterior. Valdenir acrescenta que a maioria dos relatórios não contabilizam a quebra de safra real no Brasil, a essa estimativa deve ser superior aos 7%. “Temos a quebra no Brasil, mas consequentemente a safra Argentina compensaria a nossa quebra e até sobraria soja, diante disso não ia faltar soja no mercado, pensando nisso, a gente imagina que o preço não altere tanto, sem muita baixa e sem muita alta. A Argentina está passando agora por uma onda de calor muito forte, com altas temperaturas, isso está impactando a safra deles. Se isso continuar, com o tempo recebemos informações de quanto isso vai impactar na quebra de safra”, explica Valdenir.
Com a onda de calor se concretizando na Argentina, há possibilidade de haver alguma reação maior no preço da soja. “Temos que concluir a colheita para saber realmente o que vai acontecer. Passando a nossa safra e a safra Argentina tem a safra do Paraguai, aí voltamos nossos olhos para a safra americana, que vai balizar os preços. Lembrando que o mercado depende de muitas informações, precisamos olhar safra, produtividade, oferta, câmbio, economia. Se surgir algo diferente e mexer no preço do dólar, o preço da soja vai subir, se estoura mais uma guerra, como a da Ucrânia e da Rússia, de Israel e Hamas, isso pode influenciar o mercado”, exemplifica o gerente.
Milho
Outro importante produto que tem estimativa de menor produção é o milho. Conforme a Conab, a queda na safra total do cereal deve chegar a 18,2 milhões de toneladas, resultando em um volume de 113,7 milhões de toneladas. O cultivo da primeira safra do grão, que representa 20,8% da produção total. Assim como a soja, o milho enfrentou situações adversas, como a elevada precipitação entre outubro e novembro. Neste ano, a Coopertradição atendeu aproximadamente 1000 hectares da cultura do milho.
“Isso estressou a planta e resultou em baixa produtividade, aliado a isso, tivemos problemas com a cigarrinha e doenças, que dificultam o desenvolvimento. O produtor está colhendo uma média de 100/140 sacas por hectare. Na média de preços que estamos trabalhando hoje, cerca de R$ 55 a saca, não fecha a conta. O produtor teve prejuízo com a cultura do milho”, afirma Valdenir.
Tendo isso em mente, a tendência é que haja uma alta no preço do milho nos próximos meses, em virtude da redução de área plantada e da redução de produtividade. Valdenir informa que a queda na produção é de aproximadamente 30%. “Em virtude de ter menos oferta, a tendência é o preço aumentar. Claro que ainda temos que acompanhar a safrinha, ver como vai ser a segunda safra que o pessoal plantou no Paraná e a segunda safra do Mato Grosso. Como disse antes, o mercado é complicado, são muitas variáveis que vão refletir no preço final”, conclui Valdenir.