Hélio Viganó: uma vida dedicada a política e a Campo Erê

Nascido em Pato Branco, Hélio Viganó compartilha sua vivência desde a infância no interior até sua carreira política, marcada pela luta por melhorias e inovação na gestão pública de Campo Erê.

Jéssica Rebelatto - Campo Erê
04/02/2025 10h00 - Atualizado há 20 horas
Hélio Viganó: uma vida dedicada a política e a Campo Erê
Hélio Viganó, ex-prefeito e líder político de Campo Erê, reflete sobre os desafios e conquistas ao longo de sua carreira, destacando a importância da renovação política e da conexão com a comunidade. ASO/Ruthe Kezia
Nascido em 19 de abril de 1951, em Pato Branco - PR, Hélio Viganó, foi o primeiro parto assistido por médico na região, sendo atendido pelo falecido Dr. Silvio Vidal. Embora tenha nascido em Pato Branco, sua família se mudou para Campo Erê, onde estabeleceu raízes e construiu uma trajetória de vida política que marcaria a história da cidade.
Seu pai, natural de Caxias do Sul, foi um dos primeiros a se estabelecer em Campo Erê. Após a morte de seu avô em 1950, Hélio e sua família se mudaram para Pato Branco, mas com dificuldades, retornaram a Campo Erê no ano seguinte. A cidade, ainda em seu processo de crescimento, se tornaria o cenário de sua atuação política e pessoal.
Em 1971, Hélio retornou a Campo Erê, onde começou a lecionar e, no ano seguinte, se envolveu no cenário político ao se tornar secretário do então prefeito Manoel Antônio Zembrani. Em 1976, com apenas 23 anos, Hélio foi eleito prefeito, tornando-se o mais jovem prefeito da história de Santa Catarina na época. Sua gestão focou em áreas fundamentais como educação e infraestrutura, e foi marcada pela criação da Secretária de Educação e pela implementação de melhorias no transporte escolar, merenda e construção de escolas. Durante seu mandato, foram construídas 36 novas salas de aulas no município, um feito significativo na época.
Após seu primeiro mandato, Hélio enfrentou novos desafios políticos. Em 1988, perdeu a eleição para prefeito, mas em 1992 e 1996, foi eleito vereador nas duas ocasiões, sempre com uma votação expressiva. Sua trajetória política o levou a repensar seu envolvimento com o cargo de candidato. Em 2000, decidiu “enforcar o vício” da política e se afastou das disputas eleitorais, apesar de continuar ativo na militância política, defendendo que era hora de dar espaço para novas gerações.
A vida política e as transformações em Campo Erê também foram marcadas por desafios econômicos e sociais. Durante sua gestão, a cidade enfrentou um crescimento populacional significativo, de 6 mil para 16 mil eleitores, além de uma série de melhorias estruturais, como a ampliação de rede elétrica e a instalação de linhas telefônicas. No entanto, com o fechamento das serrarias, a economia local sofreu um impacto considerável. Hélio buscou alternativas, como a criação da Comissão Municipal de Esportes e a reforma de espaços comunitários, como o salão paroquial, transformado em ginásio esportivo.
Além de suas conquistas, Hélio também compartilha os desafios do período, como as viagens longas e complicadas para Florianópolis e a infraestrutura precária das estradas. A vida na zona rural também estava em transformação, com a migração das famílias para a cidade em busca de melhores condições de vida. O êxodo rural foi inevitável, e a relação com a agricultura se modificou com o tempo.
Após se afastar da política, Hélio dedicou-se ao comércio e a à indústria. Com três filhos, dois engenheiros e um advogado, ele manteve negócios, incluindo uma fábrica de tubos de concreto. Sua nova dedicação, entretanto, se voltou para a religião, onde foi convidado a ser ministro da igreja.
Em relação a política, Hélio reflete sobre a necessidade de renovação. Embora tenha se afastado das disputas eleitorais, ele considera importante dar espaço para as novas lideranças, principalmente para mulheres jovens, cuja participação na política local tem aumentado. Para ele, a participação feminina é fundamental, pois as mulheres são mais detalhistas e organizadas, enquanto os homens tendem a ser mais impulsivos,
Hélio também critica as mudanças nas dinâmicas da política, destacando a crescente dependência de emendas parlamentares e a perda de autonomia dos prefeitos. Ele observa que, no passado, a administração pública era mais direta e menos burocrática, com maior controle local sobre os recursos.
Em dezembro do ano passado, Hélio recebeu uma homenagem da Câmara de Vereadores de Campo Erê, um reconhecimento por sua contribuição ao município. Ele considera essa honraria um dos momentos mais emocionantes de sua vida. “Homenagens devem ser feitas em vida, quando podemos sentir o carinho e o reconhecimento das pessoas. Fiquei muito satisfeito e orgulhoso do trabalho que realizei com seriedade e honestidade”, afirma.
Hélio também observa com atenção as mudanças na sociedade ao longo das décadas. Para ele, o mundo está mais tecnológico, mas perdeu um pouco do contato humano. “Antigamente, as pessoas conversavam mais, havia mais união. Hoje, com a tecnologia, tudo é mais rápido, mas também mais frio. Precisamos resgatar valores como a honestidade, o trabalho e o respeito pelo próximo”, pontua.
Questionado sobre qual mensagem deixaria para os jovens, Hélio é categórico: “Estudem e trabalhem. O trabalho dignifica o ser humano, e a educação é a base para mudar de vida. Por mais que o mundo ofereça caminhos fáceis, o que você conquista com esforço e honestidade ninguém pode tirar”, aconselha.
Mesmo com o passar dos anos, Hélio mantém-se otimista e conectado com a realidade. “Sou velho, mas não ultrapassado. A experiência me ensinou que a maior riqueza é fazer o bem, independente da área em que você atue. É isso que desejo para Campo Erê: progresso com união e respeito aos valores que constituíram nossa história”.
Ao olhar para o futuro, Hélio acredita que o papel das novas gerações será fundamental para o equilíbrio entre o campo e a cidade, refletindo sobre a necessidade de adaptação às novas realidades tecnológicas. Ele também lamenta as distorções nas redes sociais, que ao invés de promoverem o bem, tem se tornado ferramentas para disseminar desinformação.
Apesar dos desafios, Hélio se orgulha de sua trajetória e do legado que deixou em Campo Erê. Reconhecido pela comunidade, ele afirma que a integridade, o trabalho árduo e a honestidade sempre serão os pilares de uma boa gestão pública. Aos 73 anos, ele continua a ser uma referencia de liderança e compromisso com o desenvolvimento da região.                 
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