A maternidade é uma das experiências humanas mais profundas, cheia de beleza, mas também de desafios. O jornal Sentinela conversou com seis mães da região onde circula [Palma Sola, Campo Erê, Anchieta, Flor da Serra do Sul, Guarujá do Sul e São José do Cedro], nesta edição iremos abordar a história da campoerense Adriane Maffissoni, que descobriu o amor por um filho do coração.
O amor que não nasce no ventre, mas sim no coração
Adriane Maffissoni, de Campo Erê, decidiu adotar, após anos de tentativas frustradas de engravidar, tratamentos caros e abortos espontâneos. Aos 40 anos, ela e o marido optaram pela adoção, uma decisão difícil, mas que se mostrou o único caminho possível para realizar o sonho de ser mãe.
O processo, que costuma ser demorado, levou cerca de dois anos até a chegada de Bento, um recém-nascido, em 2013. Adriane conta que nunca imaginou adotar um bebê tão pequeno, já que acreditava que as chances eram remotas devido as políticas de apoio às mães biológicas. O momento da chegada foi marcado por euforia e correria: em poucas horas precisou organizar todo o enxoval e adaptar a rotina, já que trabalha como autônoma e não pôde tirar licença.
Ao Sentinela, conta que suas principais lembranças são do primeiro banho e da primeira noite de Bento na nova casa. Adriane acrescenta que a adaptação foi intensa e que no primeiro dia estava repleta de inseguranças e com algumas dúvidas, aliás, ela nunca tinha vivido um momento como esse.
A maternidade trouxe uma rotina completamente nova, exigindo horários e responsabilidades, principalmente porque agora Adriana é responsável por educar e ensinar outra vida. Ela ainda acrescenta que ser mãe é uma dádiva de Deus, é um presente, mas na maioria do tempo não é uma tarefa fácil: “ Ser mãe é chato para caramba, ser mãe é difícil, a gente tem que ser a ruim, a chata, a que pega no pé e tem que estar em cima de tudo. E mesmo com tudo isso, temos que dar carinho e amar”.
Mas para ela tudo isso compensa ao pensar que está criando um homem para ser responsável, educado, uma pessoa melhor do que ela e principalmente, uma pessoa com boas condutas. Questionada sobre qual conselho daria para alguém que queira adotar um filho, ela comenta que as famílias devem pensar, pois essas crianças precisam ser cuidadas sentimentalmente, porque não são crianças com uma história linda e limpa e pura.
O filho, hoje com 11 anos, enfrentou momentos difíceis, principalmente após a morte do pai, quando tinha cinco anos. Mesmo hoje, ainda Bento lida com bullying na escola, tanto pela ausência paterna, quanto por ser adotado.
A mãe destaca o sofrimento das crianças adotivas, que carregam a dor de não pertencerem totalmente e de não conhecerem suas origens, além do estigma social. Ela relata que recebe comentários cruéis e invasivos sobre a adoção, mas reforça que não existe diferença entre filho biológico e adotivo.
Apesar dos desafios emocionais, o vínculo entre Adriane e o Bento é forte, com momentos de carinho, brincadeiras e superação. Adriane reconhece que a maternidade tardia traz limitações, como a diferença de idade e a preocupação de não conseguir acompanhar todas as fases do filho, mas afirma que se sente plenamente realizada.
Para ela, ser mãe é um aprendizado constante, que exige empatia, responsabilidade e amor, mesmo diante das dificuldades e do preconceito. Adriane conclui que a maternidade é uma dádiva e um desafio diário, que transforma e ensina a valorizar o cuidado e a proteção ao longo de toda a vida.