A virtude e o vício são como duas estradas: uma leva ao paraíso da moralidade e da felicidade, enquanto a outra é uma descida sem freio rumo ao abismo da vergonha e do arrependimento. Essa dinâmica, é descrita pelo velho Aristóteles na sua famosa obra *Ética a Nicômaco*, continua atual como nunca, porque, sejamos francos, quem nunca tropeçou tentando escolher entre o caminho que engrandece e o atalho que só complica?
A virtude como o caminho para o bem
Segundo Aristóteles, a virtude é um meio-termo entre dois extremos: o excesso e a falta. Ele chama a atenção para o fato de que o mérito moral não está simplesmente em evitar o vício, mas em equilibrar nossos desejos e ações de forma harmoniosa. Por exemplo, a coragem é a virtude que equilibra a covardia (falta) e a imprudência (excesso). Assim, a virtude não é apenas uma qualidade inata; é uma habilidade que se desenvolve por meio do hábito.
Esse conceito de virtude aponta para uma verdade profunda: é na prática constante da moderação, da disciplina e da reflexão que nos tornamos pessoas virtuosas. Nossas ações, repetidas ao longo do tempo, moldam o nosso caráter. Como seres racionais, temos a capacidade de identificar o bem e deliberar sobre como alcançá-lo, mas apenas quando nutrimos esse potencial com escolhas conscientes e consistentes.
O vício como o desvio para o mal
Se a virtude é o equilíbrio que nos conduz ao bem, o vício é o desequilíbrio que nos afasta dele. Para Aristóteles, o vício é a prática contínua de ações que ignoram a razão e os princípios éticos. Esse desvio pode manifestar-se de várias formas: na ganância, na ira descontrolada, na preguiça ou na indulgência excessiva. Em todos os casos, o vício é um afastamento do meio-termo, e sua consequência é um caráter que, em vez de se alinhar ao que é nobre, degenera para o que é destrutivo.
O vício, assim como a virtude, é moldado pelo hábito. Ninguém se torna viciado no “Tigrinho ou nas BETS” da noite para o dia. É por meio da repetição de ações prejudiciais, seja por ignorância, seja por escolha consciente, que o vício se enraíza. É um lembrete de que a negligência das nossas responsabilidades morais e a falta de autodomínio podem nos levar a um estado em que nos tornamos alheios ao bem.
As consequências do vício
Aristóteles acreditava que o vício não apenas prejudica o indivíduo, mas tem um impacto direto na sociedade. Uma pessoa viciada é incapaz de contribuir para o bem comum, pois suas ações são orientadas por interesses egoístas ou irracionais. Isso cria um ciclo de destruição que afeta não apenas quem pratica o vício, mas todos ao seu redor. Neste contexto, o vício não é apenas um problema pessoal; é uma ameaça coletiva.
Liberdade de escolha e responsabilidade
Um aspecto fascinante do pensamento aristotélico é sua ênfase na liberdade de escolha. Tanto o vício quanto a virtude estão sob nosso controle, porque resultam de nossas decisões diárias. Embora circunstâncias externas possam influenciar nossas ações, Aristóteles acreditava firmemente que somos responsáveis por quem nos tornamos.
Essa perspectiva é especialmente relevante hoje, em um mundo onde as pessoas frequentemente atribuem suas falhas a fatores externos, como pressão social ou circunstâncias adversas. O ensinamento de Aristóteles nos lembra que, apesar dos desafios, temos a capacidade de escolher a virtude em vez do vício, desde que estejamos dispostos a exercitar nossa razão e cultivar bons hábitos.