Deise Luciana Bordin nasceu em 2 de junho de 1974 em Campos Novos-SC. É a segunda filha de uma família com mais 4 irmãs. Filha de um mecânico e de uma costureira de mão cheia. Aos 13 anos começou a trabalhar, aos 14 já tinha carteira de trabalho assinada.
Aos 17 anos se casou, grávida. O primeiro casamentou durou 6 anos, depois não deu mais certo. Quem sabe por falta de maturidade, falta de diálogo, ou falta de amor.
Deste casamento a grande felicidade foi o nascimento do filho Eduardo, um menino que nas palavras da mãe nasceu muito feio, mas que foi ficando cada vez mais lindo. O nascimento do filho obrigou a mãe a amadurecer mais rápido, a lidar com os problemas com firmeza e a trabalhar ainda mais para garantir o futuro do filho e dela.
Desolada, com um filho pequeno, e trabalhando numa empresa que minguava dia a dia. Aos 23 anos foi incentivada pelo pai a prestar concurso na Polícia Civil de Santa Catarina, arrumou tempo onde poucos conseguem, até nas filas de banco carregava um caderninho com suas anotações de estudo. Passou no concurso. Por dois meses teve que deixar o filho sob os cuidados da mãe, foi um período de muita dor. “Mãe o meu coração está doendo” é a frase que Deise lembra do filho falando ao telefone enquanto ela estava na Academia da Polícia Civil.
Voltou da Academia com uma profissão e a certeza que daria a volta por cima. Passou a mão no filho e nunca mais soltou, por cinco anos o criou sozinha. Muitas vezes era obrigada a levá-lo junto nas ocorrências entre a cidade de Campos Novos e Vargem; cidade onde era responsável pela DPMU [Delegacia de Polícia Municipal]. Na lembrança traz a imagem do filho pequeno brincando na janela da viatura com um cata-vento. Entre a dureza daqueles anos, estes eram momentos de felicidade.
Com quatro anos de Polícia Civil voltou para a Academia da Polícia para um curso de aperfeiçoamento, lá avistou pela primeira vez o homem da sua vida: Osmar Rodrigues da Costa, à época policial civil, hoje é policial federal. A atração foi mutua, mas naquele instante nada passou de olhares e pouca conversa, onde o belo homem de olhos claros lhe revelou que era solteiro e também tinha um filho, Bruno com diferença de apenas dois meses de idade do Eduardo.
Com este novo homem formou família, com muito trabalho formaram os dois filhos, que amam incondicionalmente.
Deise Luciana Bordin é responsável pela DPMU de Palma Sola há cinco anos, sua função é de agente, contudo, no município é conhecida como a ‘Delegada de Palma Sola’. Pelo tempo de trabalho na carteira já poderia ter se aposentado, preferiu continuar na ativa, porque ama o que faz e não nega querer aumentar o pezinho de meia.
Ela diz amar o que faz, mas o trabalho é estressante, cotidianamente lida com problemas muito complexos, situações de estupro, furto, drogas, tráfico, violência doméstica. E também trabalhos que tomam a maior parte do tempo e que na maioria das vezes não dão em nada, por serem burocráticos, envolver muitos papeis, depoimentos, para tratar de pessoas que se sentem ofendidas, pessoas que se sentem ameaçadas, e até aquelas que realizam um mau negócio e querem uma opinião.
Nestes casos a agente Deise acaba sendo um pouco psicóloga, um pouco advogada que ela diz ser um compromisso da profissão.
Deise tem muito orgulho da sua delegacia, não só por ser organizada, limpa e aprazível, mas também por atender e solucionar pelo menos 30% a mais de casos que outras DEPMUs da região. Enquanto municípios como Anchieta com pouco mais de 6 mil habitantes tem um delegado de carreira e mais três policiais civis.
Quando perguntada sobre como é possível dar conta da demanda de um município como Palma Sola com 8 mil habitantes Deise responde: “Muitas vezes venho trabalhar fora do horário, é importante manter uma rotina de organização, gostar do que se faz, e conseguir o comprometimento daqueles que estão a minha volta, a exemplo da Polícia Militar, o pessoal do Conselho Tutelar, da Secretária de Saúde, a Maiara, minha excelente estagiária e colaboradora aqui da DPMU”.
Criando este ambiente de trabalho é possível fazer mais com menos.
O conselho que Deise dá as mulheres é que não se escondam atrás de ninguém, que não sejam submissas. “Que tenham a firmeza do homem para resolver um problema, mas que ao mesmo tempo mantenha a sensibilidade da mulher”, destaca.
Deise sente-se realizada profissionalmente, muito amada ao lado do esposo Osmar, e feliz com os filhos Eduardo e Bruno. E ultimamente sonhando com uma nova profissão, porque logo-logo vai pendurar as algemas e quem sabe empreender com um negócio próprio.
