04/12/2020 às 08h37min - Atualizada em 04/12/2020 às 08h37min
Anchieta prevê expansão da produção crioula
Segundo a secretária Camila Baronio, o desafio é fazer com que os produtores possam cultivar em grande escala
Da redação
Como forma de preservar a tradição trazida por colonizadores em 1950, o município de Anchieta está buscando o reconhecimento como produtor de milho crioulo e tem como objetivo conquistar o selo de Indicação Geográfica (IG), que auxiliará a localidade tanto nos aspectos culturais quanto econômicos, promovendo as variedades e permitindo o acesso a mercados mais exigentes. Atualmente, o município anchietense é reconhecido por sua forte contribuição neste cenário.
Incentivo local
De acordo com a secretária de Administração, Camila Baronio, a Associação dos Pequenos Agricultores de Milho Crioulo Orgânico e Derivados (ASSO) e a Cooperativa da Agricultura (Cooper Anchieta) incentivam a disseminação da tradição, a produção das sementes e a fabricação da farinha do milho crioulo, que é comercializada no município. Ainda entre as iniciativas, ela destaca a promoção da Festa Nacional das Sementes Crioulas, já realizada em sete edições.
“A primeira ocorreu em 2001 e contou com a participação de lideranças de vários estados brasileiros e de outros países. Os visitantes vieram trocar experiências, conhecimentos e sementes. O evento sempre foi organizado pelos movimentos sociais, apenas a última edição, em 2018, foi promovida pela administração, em parceria com as entidades locais”, explica enaltecendo que muitas pesquisas universitárias foram realizadas no município, com o propósito de analisar a produção, qualidade e de que maneira o clima local interfere na formação.
“Temos vários estudos científicos que contribuirão no reconhecimento de Anchieta como a principal produtora de sementes de milho crioulo do Brasil”, antecipou a secretária ao comentar que a produção abrange diversas propriedades locais, além dos municípios de Guaraciaba e Palma Sola.
Expansão da produção
Ainda na semana passada, os consultores credenciados do Sebrae Nacional, Anselmo Junior e Helinton Lugarini, entraram em contato com o município para conhecer as ações realizadas pela ASSO e pela Cooper Anchieta. Essas entidades preveem a expansão da produção, principalmente do milho e da pipoca crioula, porém, Camila justifica que o desafio é fazer com que os produtores possam cultivar em grande escala.
“Avaliamos como muito importante esse diagnóstico do Sebrae para IG. Já debatíamos o assunto com outras entidades como a Epagri e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A partir desse trabalho proposto pelo Sebrae, percebemos que temos os principais requisitos para fazer esse registro embasado no trabalho desenvolvido, na produção, na história e nos estudos”, esclarece.
A indicação dos consultores credenciados foi na espécie de Denominação de Origem (DO). “Com os estudos já realizados e outros que orientamos, o território poderá caracterizar o milho crioulo dessa região como DO, por evidenciar as qualidades e características vinculadas ao meio geográfico, uma situação que, se bem promovida, pode garantir mercados especiais”, analisou Anselmo.
Conceitos
O Sebrae realiza o diagnóstico das potenciais IGs ou MCs brasileiras por meio de avaliações presenciais e virtuais. O levantamento, de acordo com Helinton, será realizado em aproximadamente 120 regiões brasileiras, além de IGs reconhecidas ou em fase de análise pelo Instituo Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Em Santa Catarina serão contempladas 19 regiões.
Segundo Anselmo, a IG é a designação que identifica um produto ou serviço como originário de uma área geográfica delimitada quando determina qualidade, reputação ou outra característica essencialmente atribuída a essa origem. “IG não é criada, mas reconhecida. Sua função é proteger e promover quem está naquele território, o produtor com padrão de qualidade e o consumidor. Desta maneira, é possível agregar valor ao produto final”, comenta.