"Se a vida te deu limões, faça uma limonada!” É dessa forma que a técnica em prótese dentária e confeiteira, Samanta Barboza, de 34 anos, conta sua história de superação econômica, e de sua realização pessoal, já que ela faz o que gosta. Mãe de quatro filhos, a empresária, que também é dona de casa, ministra cursos presenciais de confeitaria em Campo Erê. Ser ousada e nunca pessimista foi o que lhe permitiu dar a volta por cima e hoje estar à frente de uma empresa bastante conhecida na região.
Conta que sua primeira grande dificuldade se deu há pouco mais de seis anos, quando após abrir seu próprio centro de próteses no município, precisou fechá-lo com cerca de sete meses de funcionamento. Falida, desempregada e sem ter onde recorrer, permaneceu em casa cuidando da família. Até o aniversário da sua filha Isadora, quando o desejo de presenteá-la com uma festinha a fez perceber que as coisas precisariam mudar. Depois daí, muitos cupcakes começaram a ser produzidos em sua cozinha.
“Não sabia cozinhar muito bem, nem bolo de caixinha eu acertava! Minha filha viu na televisão um bolo com pasta americana, que não encontrei em nenhum lugar da região. Com isso, fui reforçando a ideia de abrir um negócio no ramo, mas como não sabia fazer nada, era só uma ideia passageira. Foi quando me obriguei a fazer alguma coisa, os cupcakes, porque queria muito dar uma festinha para minha pequena”, relembra ressaltando que após produzi-los, tinha vergonha de sair para vender, usufruindo da interação e animo do filho mais velho, Vitor, de 11 anos na época, que logo fez com que o negócio fosse reconhecido.
Se privando de muita coisa para fazer cursos na capital, Samanta chegou a fidelizar clientes, e até se estabilizar financeiramente. Com um número grande de encomendas, buscou formações para confeccionar bolos, doces personalizados e o desejado bolo de pasta americana, que ainda faz um estrondoso sucesso entre os clientes.
A virada
A virada da família começou quando decidiu ministrar cursos de confeitaria: "dar cursos para mim era um desafio, mas minhas clientes pediam muito. Se não nadasse morreria na praia, e isso eu não queria!", destaca ao comentar que levou aproximadamente um ano para planejar uma formação diferente das encontradas no mercado, uma que complementasse e ensinasse tudo que fosse necessário para formar uma doceira de mão cheia. Sua investida ousada deu certo, e logo a divulgação começou a render pedidos noutras localidades, como Cascavel, Itajaí e Chapecó.
Cita que ministra 14 módulos do curso: desde bolos artísticos a docinhos. Esclarece que o curso dura em torno de 10 horas, concluídas em apenas um dia. Além de tudo, os interessados não precisam se preocupar com materiais e aventais, pois tudo é distribuído no dia da formação. Cerca de 12 pessoas podem participar de cada turma, pois seu intuito é ensinar desde o básico ao complicado de cada detalhe.
“Estou com turmas pequenas, pois gosto de ensinar e que as interessadas possam criar seu próprio bolo e levar para casa. Temos materiais para todas, a única coisa que precisam trazer é sua máscara, por conta do Covid-19”, frisa acrescentando que a cada novo curso, uma ex-aluna é convidada a auxiliá-la. “Elas me ajudam muito, sem contar que sempre aprendem algo novo. Sem a ajuda delas seria impossível sair algo organizado”, conclui.
Samanta explica que cria grupos no WhatsApp, para manter contato com cada aluna. Segundo ela, desta forma consegue ajudar e prestar assistência no que for preciso. Conta que trabalha sozinha, utilizando sua casa para o trabalho. A pandemia não afetou a procura pelos seus produtos e serviços, o volume até aumentou, contudo foram adotadas medidas de segurança, conforme as recomendações da Secretaria de Saúde.
Muito agradecida a Deus por todos seus feitos bem sucedidos, diz que uma de suas maiores compensações é saber que com os cursos proporcionam mais uma fonte de renda para muitas famílias, ou até mesmo uma espécie de plano B para diversos profissionais diante dessa crise que o país enfrenta, tendo em vista que alguns de seus alunos buscam uma distração em meio a depressão. E outro motivo de satisfação é saber que seu trabalho remete a celebrações, festas, somente coisas positivas.
O sonho da doceria
Samanta, em entrevista ao Sentinela, finaliza dizendo que entre seus desejos, está a criação de seu próprio espaço. “Já pensei numa doceria, mas o município não tem demanda para um comércio destes. Penso em, quem sabe, abrir uma sala de cursos, próximo à minha casa, onde poderei também trazer professores que conheci ao longo da minha jornada, para assim formar um forte grupo de confeiteiras na região”, diz. “Ver a alegria no rosto das minhas alunas, após concluírem o curso, não tem preço. Quem conheceu meu serviço foi através do meu filho, e hoje temos a nossa empresa intitulada Cupcakes do Vitinho, porque se não fosse por ele, quem sabe nunca teria chegado a tudo isso!”, finaliza.