A onda de solidariedade aos gaúchos precisa crescer ainda mais. Agora é hora de somar. Não critique quem está ajudando. Há aquele que quer ajudar sem ter seu nome citado, sem aparecer em nenhuma foto, mas também há aquele que quer aparecer na foto e no vídeo no intuito de incentivar e aumentar esta corrente de doações.
Seja como for, o importante é nos solidarizarmos com a dor do outro e ajudar como pudermos.
Na semana passada, pelo menos dois grupos de palmassoleses deixaram suas residências para ir até alguns municípios do estado do Rio Grande do Sul. Foram levando água, comida, material de higiene, roupas entre tantas outras coisas. Também foram para ajudar a lavar casas, a realocar estas famílias desabrigas para os seus lares. Foram para preparar um risoto, servir uma marmita; foram fazer pelo outro aquilo que esperam nunca precisar.
Dos relatos que escutei vou citar apenas três, mas sem citar nomes:
“É difícil você ver uma mulher pedindo ajuda porque está menstruada, não tem um absorvente, não tem banheiro, água para se limpar. Ser surpreendido por uma criança pedindo uma bolachinha pra comer e você não ter um pacote pra dar.”
“Ajudamos a lavar a casa de uma senhora de idade, estava tudo destruído, barro em todos os cômodos, móveis revirados, junto com os eletrodomésticos. E naquele cenário uma cama, um colchão e lençóis limpos. Pra mim aquilo é mais uma prova que Deus existe. O que aconteceu ali foi uma coisa impossível, mas pra Ele não há impossível!”
“Fomos lá pensando que iríamos ajudar as pessoas a voltar para as suas casas. Até chegamos lavar algumas casas, mas no sábado a chuva voltou forte... Doeu ter que retirar de dentro das casas o que ainda restava, porque o rio estava subindo novamente e a casa seria inundada mais uma vez.”
Trabalho da imprensa
Se você está lendo esta minha coluna, significa que não faz parte daquele grupo de pessoas que se informa exclusivamente através de redes sociais e do WhatsApp. De maneira alguma sou contra as redes sociais e o Whats, utilizo estas ferramentas diariamente, todavia não tenho nelas minhas fontes oficiais de informações.
Cuidados com os exageros, fotos, vídeos e áudios que chegam até você através de grupos do WhatsApp, do Facebook ou do Instagram. Nem tudo é verdade, muitas “notícias” carecem de mais informações e nem tudo parece o que é.
Estou vendo alguns grupos e pessoas atacando o trabalho de jornalistas, o trabalho de policiais, de bombeiros, da defesa civil, do exército, até da aeronáutica. Não é hora de apontar o defeito do outro, agora é hora de somar forças.
A Associação Catarinense de Imprensa (ACI) publicou uma nota que lembra o papel importante do jornalismo profissional diante da tragédia climática no Rio Grande do Sul, e apela para a responsabilidade das lideranças – especialmente as que têm mandato.
“Algumas dessas lideranças têm insuflado seus militantes contra o trabalho da imprensa, criando uma disputa que não interessa aos que mais necessitam de apoio. É hora de somar, como vêm somando milhões de brasileiros que ajudam com doações ou com trabalho voluntário”, diz a nota.
Ao longo dos últimos dias, a proliferação de desinformação nas redes sociais tem dificultado o trabalho dos jornalistas que cobrem as enchentes em território gaúcho – inclusive impedindo a divulgação de informações que, até agora, foram essenciais para alimentar a onda de solidariedade que tomou conta do país, e que é tão necessária para atender quem perdeu tudo o que tinha.