Para a família de Joaquim Neves Fagundes de 10 anos, receber o diagnóstico de Autismo foi um misto de emoções. Por um lado, veio o impacto da confirmação, por outro, o alívio de finalmente entender os desafios que ele enfrentava. Desde pequeno, Joaquim demonstra comportamentos distintos, o que sempre gerou suspeitas. Antes do diagnóstico de Transtorno de Espectro Autista (TEA), ele foi identificado com Altas Habilidades e Superdotação (AH SD) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). No entanto, a falta de um segundo professor em sala dificulta sua adaptação no ambiente escolar.
“O alívio veio quando conseguimos o diagnóstico correto e, com isso, o suporte adequado para ele dentro da escola”, conta o pai Nivaldo Fagundes Junior.
Os desafios diários e a adaptação na escola
Para crianças autistas, mudanças na rotina podem ser extremamente desafiadoras, e o Joaquim não é exceção. “Todo início de ano letivo é complicado. Qualquer alteração na rotina pode gerar grande desconforto”, explica o pai.
A adaptação ao ambiente escolar também não foi fácil. Em 2021, a família se mudou para São José do Cedro, e Joaquim levou um tempo para se acostumar à nova escola. Felizmente, o suporte da equipe pedagógica do Centro Municipal de Educação Girassol (CEMEG) foi fundamental nesse processo. Hoje, ele se sente mais seguro e participa ativamente das aulas, tornando-se um aluno assíduo e dedicado.
A escola está preparada para incluir crianças autistas?
De acordo com o pai de Joaquim a escola tem avançado na inclusão de alunos autistas. “Atualmente, vejo um comprometimento muito grande dos profissionais da cidade. Eles realmente se dedicam para que essas crianças se sintam acolhidas e tenham um aprendizado de qualidade”, relata.
Joaquim conta com o apoio de uma segunda professora em sala de aula e também frequenta a Sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE) no contraturno. Esse acompanhamento tem sido essencial para que ele consiga desenvolver seu aprendizado de maneira mais eficaz.
Porém, ainda há desafios a serem superados. A inclusão no ambiente escolar, embora crescente, ainda precisa de melhorias, principalmente na participação dos alunos autista em atividades físicas. “Essa é uma área que precisa de mais atenção, pois nem sempre os esportes e brincadeiras são adaptadas às necessidades dessas crianças”, afirma o pai.
Dificuldade no acesso a especialistas
Um dos grandes obstáculos para famílias de crianças autistas na região é a falta de neuropediatras na rede pública. Esse especialista é fundamental para o diagnóstico e acompanhamento do TEA, mas, devido a carência desse profissional na cidade, muitas famílias enfrentam dificuldades para garantir o atendimento necessário.
“Felizmente fomos muito bem atendidos pela prefeitura e pela Secretaria de Educação quando precisei de suporte. Mas, para quem não tem condições financeiras, o custo de uma consulta com um neuropediatra é muito alto, e isso dificulta o acesso ao diagnóstico e ao tratamento adequado”, relata o pai de Joaquim.
A importância do diálogo e o papel da comunidade
Ao longo da trajetória escolar do filho, a família nunca precisou recorrer à Justiça para garantir seus direitos. Todas as demandas foram resolvidas por meio do diálogo com a administração municipal. No entanto, o pai acredita que a criação de uma associação de mães na região poderia fortalecer ainda mais a luta pela inclusão e ampliar ainda o acesso a recursos públicos.
“Uma associação seria muito bem-vinda para apoiar a causa autista em São José do Cedro. Com uma mobilização maior, seria possível conquistar mais recursos e melhorias para as crianças”, destaca.
Apesar dos desafios, a história de Joaquim mostra que a inclusão escolar é possível quando há comprometimento e suporte adequado. Seu caso reforça a importância da conscientização sobre o autismo e o desenvolvimento da comunidade e do poder público para garantir um ambiente educacional mais acessível e acolhedor para todas as crianças.