Oito de maio de dois mil e vinte e cinco. Neste dia, os Cardeais do mundo todo escolheram o novo Papa. Após a fumaça branca, enquanto aguardava a divulgação do nome do novo pontífice, reacendeu em minha mente lembranças do dia treze de março de dois mil e treze. Naquele dia vivíamos, como agora, a ansiedade de conhecer o novo Pastor da Igreja, saber quem seria, e principalmente vivíamos uma grande esperança de termos o primeiro Papa brasileiro. Dom Cláudio Hummes, Dom Odilo Scherer e Dom Raimundo Damasceno apareciam com boas possibilidades.
O alardeado “Habemus Papam” e o anúncio do nome Mario Jorge Bergoglio, em mim, causou uma profunda decepção. – “Putz – Argentino”. Confesso que me senti triste. Não tenho absolutamente nada contra o povo Argentino, pelo contrário, mas talvez motivado pelos sentimentos futebolísticos a nacionalidade dele não me agradou. Esse sentimento durou pouco mais de uma hora. Quando aquele sujeito surgiu naquela janela, sem aqueles paramentos todos, com um jeito de assustado, fazendo piada, dizendo que seus colegas foram ao fim do mundo buscá-lo, e pedindo ao povo para que rezasse por ele, me conquistou em definitivo. O nome escolhido foi o soco derradeiro que recebi, no estômago, para entender que o pré-julgamento estava totalmente errado. Seus primeiros dias como Papa me tornaram muito mais católico. A partir de Francisco, passamos a entender melhor o papel do Papa. Também a saber que não é ninguém excepcional, mas sim é um homem como todos nós, com dores, sentimentos, tristezas, alegrias e, sim, com muitos mais desafios que todos nós meros mortais.
Poderia discorrer aqui léguas de escritas, falando do meu sentimento e da minha visão do Velho Chico, que se despediu de todos nós nestes últimos dias. Mas não, meu objetivo aqui é discorrer sobre o novo. O Ianque, no caso.
Robert Francis Prevost – Americano – o “Putz” voltou à minha mente. Logo um americano. Também nada contra os americanos, principalmente porque em todos os meus documentos aparece um Kennedy, mas sim, vamos combinar, em uma ala considerável deles a arrogância é um pouco acima do nível aceitável. Claro, eles são a maior potência mundial em quase tudo, e fazem questão de deixar isso bem claro.
O nome Leão, também não me agradou. “Olha aí, o Rei da Selva, Está se achando o cara”!!!
Mas o soco no estômago retornou quando surge, naquela famosa janela, um cidadão profundamente emocionado, até um pouco encabulado, meio sem jeito. Muito longe de se achar “eu sou o cara”, consciente do tamanho do desafio que passou a carregar.
Sua primeira palavra foi “PAZ”. Não poderia ter sido outra, num momento extremamente turbulento, com a estupidez humana, cheia de egos e razões, entendendo que o outro precisa morrer. Parece-nos tão irreal esta questão de que, apesar de toda a evolução que o homem conseguiu transpor, ainda alguém se acha no direito de fazer guerra, de matar, de causar sofrimento.
Mas o Leão, desta vez XIV, parece ser o cara certo, no lugar certo. O Norte-americano com DNA Sul-americano, que não está nem um pouco preocupado em ter quebrado o protocolo, estendendo um grande saludo para seu povo lá do Peru, falando na língua que eles entendem. As informações a seu respeito nos asseguram de que o Espírito Santo fez seu trabalho bem-feito.
Quanto ao nome, preciso repensar o papel do animal. Sim trata-se do Rei da Selva. O topo da pirâmide dos predadores. Mas também, e assim nos ensinou o cinema, com o querido Simba, que o temível predador pode ser um grande amigo. O que conduz, o que guia, o que dá segurança aos seus, o que orienta e aponta o caminho a ser percorrido. Tem poder, mas sabe ser maleável. Tem a última palavra, mas antes ouve o que alguém tem para dizê-lo.
Acredito fielmente que o rugido deste Leão será pacífico. Que mais do que nos assustar, vai ser ouvido como acalento.
Que ele possa realmente ser um pouco Francisco. Olhar e se posicionar a respeito das guerras, dos imigrantes, dos refugiados, dos sofredores, das questões ambientais, e principalmente que nos aponte a estrada que nos aproxima de Jesus Cristo.
Eu, de cá da minha pequenez, que já me encantei com um Polaco, elegendo-o como meu santo de maior devoção, rezando diariamente pedindo a intercessão de São João Paulo II. Que vi o Bento passar, admirando-o, mas sem me encantar com ele. Tive num Castelhano o homem que mais admirei, que mais me encantei. Que me fez parar para ouvi-lo, tirar tempo para ler o que escrevia, e assistir o que mostravam dele. Desejo que Francisco esteja descansando no paraíso que, com certeza, mereceu receber. Que Leão possa ser verdadeiramente iluminado e nos surpreenda cada vez mais com suas ações, palavras e atos. E por fim, que possamos viver dias menos turbulentos, sem guerras, discórdias e misérias. Se isso parece uma prece, concluo dizendo AMÉM.