Por que Santa Catarina prospera enquanto o Brasil forma desempregados? Santa Catarina ostenta a menor taxa de desemprego do país - apenas 3% contra a média nacional de 7%, e aqui no nosso grande Oeste a taxa é ainda menor, 1,64%. Enquanto isso, o Brasil enfrenta um paradoxo educacional: nunca formou tantos universitários, mas também nunca teve tantos diplomas guardados em gavetas. O sistema educacional brasileiro está produzindo em massa o que podemos chamar de "desempregados com diplomas" - jovens que acreditavam que o canudo universitário seria um passaporte automático para o sucesso, mas descobrem cruelmente que o mercado de trabalho não compartilha dessa ilusão.
O mito do diploma como solução mágica
Por décadas, vendemos aos jovens a ideia de que a faculdade seria uma solução mágica. "Forme-se e o emprego virá", prometiam. A realidade é bem diferente: 36,3% dos formandos nunca trabalharam em sua área de formação.
O país continua obcecado pelo diploma universitário como único caminho para o sucesso. O resultado? Jovens de 23 anos saindo das faculdades endividados (seja com mensalidades atrasadas ou com financiamentos estudantis) e completamente despreparados para o mercado que os espera. Tenho receio de alguns programas de inventivo ao curso superior.
A desconexão entre sala de aula e realidade
O sistema educacional brasileiro permanece preso ao século passado. Enquanto o mundo exige habilidades como inteligência emocional, criatividade, liderança e resolução de problemas complexos, nossas escolas continuam ensinando para provas, não para a vida. O resultado são jovens que podem calcular o volume de um paralelepípedo, mas não sabem preencher um currículo, administrar um salário ou entender um fluxo de caixa básico.
Em contraste, Santa Catarina entendeu que educação deve ser sinônimo de empregabilidade. A região Oeste do estado, com taxa de desemprego de apenas 1,64%, demonstra na prática como a integração entre ensino e demandas do mercado pode gerar resultados extraordinários. Aqui na nossa região o empresariado - especialmente nos setores de tecnologia, indústria moveleira, alimentícia e agronegócio - absorve a mão de obra qualificada.
A cultura do direito versus a cultura do valor
Há uma geração que interiorizou a ideia perversa de que o diploma por si só lhe confere direitos no mercado de trabalho. Esquecem-se que o que verdadeiramente importa é o valor que podem gerar para uma empresa ou para a sociedade. O jovem formado que chega a uma empresa deve apresentar uma proposta clara de valor - mas a triste realidade é que muitos sequer sabem qual é seu "produto" no mercado profissional.
Enquanto isso, Santa Catarina mostra que quando há sintonia entre formação e necessidades do mercado, os resultados aparecem. O estado é o segundo que mais contratou estrangeiros no primeiro trimestre de 2025 (5.429 trabalhadores), justamente porque soube criar um ecossistema onde a qualificação encontra demanda real. Não por acaso, também lidera em contratação de jovens aprendizes (8,8 mil no primeiro trimestre de 2025), investindo na formação prática desde cedo.
Palmasola S.A.
Um exemplo disso é a formatura em Aprendizagem Industrial que ocorreu no dia 18 de junho no Centro de Eventos Jacob Zandoná num curso para jovem aprendiz numa parceria entre o SENAI e a empresa Palmasola S.A.
Aos jovens, fica a lição: ninguém deve nada a você porque você tem um diploma. O que o mercado quer - e paga - é valor. E aos formuladores de políticas educacionais, fica o exemplo catarinense: educação só faz sentido quando conectada às reais necessidades da sociedade e da economia.
