A Cooperativa Cooperflor, de Guarujá do Sul, está inovando na região fomentando a produção orgânica. Nove famílias associadas à cooperativa estão fazendo a transição orgânica de toda a propriedade, ou seja, tudo que for produzido, desde frutas, legumes e leite terá certificação orgânica da rede Ecovida.
“Cativamos as famílias, porque historicamente são 40 anos da utilização de insumos químicos, e produzir de forma orgânica requer conhecimento técnico, para romper as práticas convencionais e paradigmas do senso comum, como a ideia de que para produzir organicamente o agricultor precisa pegar na enxada”, destaca o secretário da Cooperflor Claudio Júnior Weshenfelder (Claudinho).
Os agricultores estão realizando a transição para a produção orgânica de maneira parcial. “Essa conversão de desintoxicação é gradativa e pode ser feita dentro de cinco anos, sendo que temos basicamente um ano de caminhada”, informa Claudinho afirmando que o foco será a produção de leite orgânico. A produção orgânica dentro do sistema da rede Ecovida certifica as propriedades em orgânica para vegetais, após 12 meses, e animal, após 18 meses, finalizando toda a transição em cinco anos.
Conforme auditorias realizadas mensalmente pela rede Ecovida – que trabalha de forma participativa – os nove agricultores guarujaenses estão preenchendo parcialmente os requisitos. Em contraponto a produção tem diminuído o que já era esperado, pois a produção está sendo feita só a base de pasto. “A produção do leite orgânico será um desafio, talvez levemos mais que 18 meses, principalmente pelo aspecto clinico dos animais”, explica Claudinho afirmando que quando o rebanho está doente os agricultores ainda usam antibióticos. “É algo que será sanado dentro da técnica, como por exemplo, o uso da homeopatia e fitoterapia”, explica.
Alguns itens do processo de transição orgânica são: não uso de produtos químicos nas pastagens, quebra ventos em torno das propriedades, não uso de derivados transgênicos e antibióticos. “Gradativamente estamos avançando nesses aspectos”, afirma.
Segundo o secretário da Cooperflor, o desafio dos agricultores se torna ainda maior devido ao projeto ser pioneiro. “Não conhecemos nenhuma experiência com leite orgânico em escala comercial”, informa Claudinho explicando que as parcerias com o Sebrae, Epagri e entidades técnicas vem ao encontro desta falta de experiência. “Estamos confiantes nos resultados já obtidos, pois parcialmente os agricultores estão produzindo organicamente”, afirma.
Uma família de agricultores que já está fazendo a transição da produção para orgânico é a do próprio secretário da Cooperflor. Seu irmão Cleber Jonas Weschenfelder e sua mãe é quem trabalham na propriedade da família do bairro Barro Preto. “O nosso carro chefe é o leite, e como esta é uma das etapas mais difíceis as outras acabam se tornando orgânica automaticamente, como por exemplo o feijão, mandioca e a horta”, explica Cleber. O que é produzido na horta é vendido atualmente para a vizinhança. “Não é muita coisa, nossa principal fonte de renda é o leite”, reitera.
Produtos lácteos
Outro projeto, para médio prazo, da Cooperflor é o beneficiamento de produtos lácteos de forma convencional, que contará com a participação de todos os associados. “Vamos agregar valor ao leite que atualmente é comercializado de forma in natura”, adianta Claudinho contando que a entidade está registrando a marca e procurando parceiros para terceirizar o beneficiamento. “Nosso foco principal é comercializar para o mercado institucional, como o Programa Alimentação Escolar, e também o convencional que são mercados, padarias e lanchonetes”, explica.
História da Cooperflor
A Cooperflor celebrou recentemente seis anos de início das atividades, e conta atualmente com 160 famílias associadas e ativas. Conforme o secretário da Cooperflor, Cláudio, a cooperativa tem o 5º maior movimento econômico do município, sendo que no último ano movimentou cerca de R$ 7 milhões.
Os cooperados trabalham no sistema coletivo de venda do leite, compra de insumos e equipamentos, sendo que já adquiriram um caminhão e tanque isotérmico para o transporte do leite e construíram a sede própria da cooperativa.
Conforme Claudinho os projetos da cooperativa se viabilizaram por meio de investimentos externos, com recursos não reembolsáveis captados através de projetos. “É importante registrar o significado social que a Cooperflor tem em Guarujá do Sul e região, sendo que conseguimos incluir e oferecer permanência aos pequenos produtores na atividade leiteira. Essa atividade caminha para a exclusão, mas devido a Cooperflor, não está acontecendo com nossos agricultores”, destaca.