O comércio de Palma Sola soma cerca de R$ 866.611,59 em dívidas atrasadas, conforme dados registrados no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) neste ano. O montante corresponde aos valores que os clientes deixaram de pagar no prazo de vencimento. O valor é somado pelas dívidas acumuladas por mais de 900 consumidores inadimplentes.
Sem aumentos na pandemia
Mesmo com um cenário de incerteza na economia, inclusive com o comércio fechado no início da pandemia, não houveram aumentos no número de negativados. O que se observou com o passar dos meses foi pouca interferência e consultas no cenário de inadimplência. A secretária executiva da Associação Comercial e Câmara de Dirigentes Lojistas de Palma Sola, Marijane Reginatto Mantelli, avalia positivamente o comportamento do consumidor.
“Assim que o comércio voltou a abrir as portas, as prestações em atraso passaram a ser quitadas pela população, mas de uma forma mais lenta. Observou-se inclusive que em muitos casos os recursos de FGTS e Auxílio Emergencial, disponibilizados pelo Governo Federal, foram utilizados para quitar não só dívidas recentes, como também débitos antigos, e até fazer novas contas”, comenta acrescentando que o comércio manteve sua movimentação [vendas] e em alguns casos, registrou-se aumento elevado referente ao ano passado. “Realmente, o comércio vendeu mais neste ano do que no ano passado”, comemora.
Perfil dos devedores
A base de dados do SPC também aponta que boa parte dos registros negativados são de clientes com idade entre 20 e 40 anos. O perfil com menor índice de inadimplência fica com os idosos com idade superior a 50. De acordo com Marijane, existe a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), criada com o intuito de preservar a intimidade e a privacidade dos dados da pessoa natural tanto física quanto jurídica.
Dicas para o comércio evitar a inadimplência
A secretária destaca que, diariamente, todos os associados são orientados sobre o assunto, com foco na afirmação: ‘crédito não é obrigação do lojista, mas uma conquista do cliente’. Para ela, o cliente deve, aos poucos, conquistar o seu espaço [crédito] no seu local de compras. “Se o cliente já compra naquele local, é liberado uma quantia de crédito, e conforme as compras, é liberado um pouco mais. Conforme o comprador for pagando certinho, mais benefícios ele pode ganhar”, continua.
Outro ponto que deve ser avaliado, de acordo com a Executiva, é o quanto o cliente recebe. “Por exemplo, não dá para disponibilizar um crédito de R$ 10 mil para um comprador que recebe menos de R$ 2 mil ao mês e possui crianças dentro de casa”, explica esclarecendo que é de suma importância que exista avaliação antes de dispor da linha de crédito, para que assim, não haja a inadimplência.
“Não é preciso que o lojista busque dados do comprador, mas que visualize o seu comportamento perante as compras e pagamentos. É interessante que os benefícios sejam disponibilizados aos poucos, o que agrega tanto para quem compra quanto para quem vende”, destaca. “É importante sempre registrar a assinatura do cliente, principalmente quando o produto for disponibilizado no condicional, para que tenha uma garantia de retorno. A nossa indicação é que após a venda, seja emitido a nota fiscal, para que tenha um documento sobre a retirada do produto. Uma nota promissória também é necessária”, frisa.
Outra indicação é que o lojista sempre consulte a situação do cliente perante ao SPC. “O vendedor pode pensar: ‘ele vai me pagar mesmo negativado’. Pode até ser que pague, mas a probabilidade que isso não aconteça, é maior. A nossa orientação é que não venda a prazo para aqueles que estão negativados, e que indique a CDL, para que ele possa executar o pagamento da dívida. Outro ponto, é reunir todos os dados necessários, além do comprovante de residência, para que possa ser feito o registro completo”, conclui.
Como manter as contas em dia?
Se você está na lista dos inadimplentes, a organização do seu orçamento é fundamental para quitar as dívidas. Conforme Marijane, em caso de dificuldades para honrar os compromissos assumidos, é preciso tomar a iniciativa de procurar o credor para negociar, combinando valores de parcelas que possam de fato ser pagas. Ela ressalta que para se manter longe de dívidas é fundamental que os compromissos assumidos estejam de acordo com o orçamento familiar e que os vencimentos das contas sejam planejados para alguns dias após o recebimento do salário. “Assumir apenas prestações que caibam no orçamento e jamais emprestar o nome para que outras pessoas comprem no crediário em seu CPF”, orienta.