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07/11/2020 às 09h38min - Atualizada em 07/11/2020 às 09h38min

A ONU é indispensável

Coluna de opinião do jornal impresso

Larissa Dias
Da redação
A Organização que teve papel imprescindível na promoção da paz mundial chega aos 75 anos sob várias críticas, mas tentando se adaptar aos novos tempos e se manter relevante. Criada em 1945 no cenário pós-guerra, a Organização das Nações Unidas cumpriu com seu papel, dando à sociedade internacional a valiosa contribuição de promover a visão de um mundo mais democrático e justo e comprometendo-se com a busca incessante da paz entre os povos. Empenhou-se pela descolonização, pelo desenvolvimento e, por meio de seus organismos especializados, estimulou a cooperação entre os Estados nas mais diferentes áreas de interesse da humanidade – saúde, educação, ciência e cultura, comércio e indústria, entre tantas outras.
Mais recentemente voltou-se para a proteção do meio ambiente e para o combate às mudanças climáticas. A família da ONU, ampliada pelas instituições de Bretton Woods- Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial -, compõe o mais amplo acervo de normas, políticas e procedimentos internacionais da história moderna. Seu impulso ao direito internacional não tem paralelo. Sem a flexibilização das regras nacionais, que os organismos da ONU ajudaram a implementar, a globalização econômica simplesmente não teria ocorrido e, se tivesse seria caótica.
Não obstante conquistas inegáveis, subsiste a crítica quanto à sua eficácia. Alguns arguem que lhe falta poder para realmente ser eficiente, sem se lembrar de que a ONU adota sanções legítimas, porque endossadas pela comunidade das nações. Outros, ao contrário, a acusam de exorbitar de suas competências, como seria o caso da Unesco ou mesmo da Organização Mundial do Comércio, por suas engrenagens para a resolução de controvérsias. Muitos a condenam ainda por inoperância, por não ter encontrado saída para as grandes tragédias humanitárias.
A organização internacional mais logeva de que se tem noticia foi o fruto de uma ourivesaria politica forjada ao longo de décadas. Ela concilia a representatividade com o equilíbrio de poder. As grandes potências jamais aceitariam participar de uma instituição em que a acentuada disparidade de peso econômico e de recursos políticos não fosse levada em conta. Essa é justamente na razão de ser do conselho de Segurança, no qual têm assento as nações mais poderosas. Por isso mesmo, é tão difícil reformá-lo. Mas os países mais pobres ou de menor poder relativo, tampouco aceitariam participar de uma instituição, que se propõe a ser multilateral e universal, sem que ela lhes oferecesse espaço para manifestar sua voz e ser ouvidos.
No decorrer do tempo, as críticas à ONU foram se multiplicando. E as reivindicações também deram um salto. Mas o impulso militante e contestatório do Grupo dos77 (uma coalizão de nações em desenvolvimento), foi-se atenuando, pouco a pouco, assim como sua própria relevância. Na Organização Mundial de comercio, em que a decisão em princípio deveria ser tomada segundo a regra de um voto por país, o que funciona, na realidade, é um processo de formação de consensos, no qual, até certo ponto, as preocupações e aspirações legítimas de cada um dos membros acabam sendo consideradas.
Olhando em perspectiva, a ONU soube atualizar-se e incorporar demandas novas e angustiantes da sociedade internacional, como as questões dos refugiados, da imigração e da mudança climática, desafios realmente difíceis de solucionar, mas que começam a ser regulados, após rodadas de negociação por vezes, longas, porém sem a imposição da força. A ONU é apenas o palco da grande política mundial. Expressa e decide o que os seus membros querem, sobretudo os mais poderosos. O Brasil não pode, sob pretexto das ideias confusas do globalismo, deixar de contribuir para o fortalecimento da ONU.
Texto de Sergio Amaral
 
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