Por que as pessoas temem a terapia?

O processo terapêutico nada mais é do que o contato entre duas pessoas olhando para o que há de mais profundo na vida e na personalidade de uma delas. Há alguém (o terapeuta) que precisa estar bem, conhecer profundamente a si mesmo, a ponto de conseguir deixar o que é seu de lado para poder acolher, ser empático e ajudar outra pessoa (cliente).
A terapia assusta alguns porque, quando é conduzida da forma cerca, abre um espaço tão seguro e limpo, que é capaz de levar o cliente a verdadeiramente olhar para dentro de si. Nesse momento, a pessoa pode ver algo que não gostaria. Ela pode perceber que a culpa de muitas de suas mazelas não é de outras pessoas, e sim sua. Ela pode se dar conta de que a responsabilidade de resolver as coisas também é sua. Ela pode verdadeiramente enxergar além das máscaras que usa para ser aceita pelas outras pessoas, e pode ver que nem tudo em si é bom, belo, justo e moral.
O conflito está aí: O ser humano anseia por aceitação! É uma das suas principais buscas. E para ser aceito, é levado a acreditar que precisa ser genuinamente bom, por completo, que precisa apenas ter coisas boas dentro de si, e tende a sufocar o que vai contra essa idealização. O problema é que nós somos formados por nuances, são milhares de tons de cinza que separam o branco e o preto que há em nós.
Quando se faz terapia e se permite abandonar, mesmo que só no espaço terapêutico, as máscaras que você apresenta para a sociedade, a pessoa se vê como vulnerável, e a vulnerabilidade assusta. É por isso que muitos fogem da terapia, não aceitam ajuda, não querem tratamento. Por medo. Medo do que poderiam encontrar dentro de si mesmos.


Por: Francieli Perondi