Gilberto Pansera A falta de manutenção nas estradas rurais em Anchieta causa prejuízos aos moradores e produtores da linha Medianeira. A falta de cascalhamento e a formação de valetas traz prejuízos ao escoamento da produção agrícola. Nos dias de chuva, alguns pontos ficam intransitáveis.
“Em janeiro tivemos um problema sério durante o carregamento, por conta da chuva. No carregamento seguinte felizmente o tempo estava bom e não tivemos problemas. Agora na última semana tivemos carregamento e novamente tivemos problemas durante o deslocamento dos caminhões”, relata o produtor de suínos Gilberto Pansera. Segundo ele, a família perdeu 22 animais durante o deslocamento dos caminhões, que ficaram atolados na estrada. “Esses animais foram carregados perto das 9h da manhã e chegaram em São Miguel do Oeste em torno das 16h. O caminhão ficou atolado. Precisamos de duas retroescavadeiras e uma escavadeira hidráulica para puxar esse caminhão”, afirma.
Hoje a família Pansera tem mais de 2200 suínos, alojados em três chiqueirões. No dia marcado, faça chuva ou faça sol, esses animais precisam ser transportados para abastecer o frigorífico. O carregamento ocorre, em média, a cada 120 dias. Para o próximo transporte, marcado para o dia 18, a família Pansera anseia por um dia de sol, para que os caminhões carregados os suínos, possam se deslocar com segurança. “O técnico que nos atende já está pedindo como está a estrada, pois se chover de novo, teremos problemas”, reitera o produtor.
A família Pansera não é a única que mora na comunidade, há ainda produtores de leite, de gado de corte, outros produtores de suínos, produtores de hortaliças e todos dependem das estradas para escoar a produção – ainda transitam diariamente pelas estradas interioranas, ônibus escolares e carros pequenos. Esses produtores dependem das estradas para conseguir insumos e ração, por exemplo, para manter e garantir a produtividade. Vale pontuar que a Medianeira interliga a comunidade da linha São Cristóvão, e a usina. “Diariamente temos giro de caminhões que entregam ração, que levam leite, esses caminhões chegam geralmente à noite ou durante a madrugada”, relata Roberto Pansera, filho de Gilberto, que também trabalha na produção de suínos. As estradas oferecem pouca condição de segurança para os caminhões carregados, especialmente quando trafegam à noite.
“Em termos econômicos, o chiqueirão de porco gera muito movimento econômico para o município, então não somos apenas nós que estamos deixando de ganhar quando ocorrem perdas por conta das péssimas condições das estradas, o município também deixa de arrecadar”, lembra Roberto.
O problema das estradas na Medianeira não é de hoje, conforme a família Pansera, eles já receberam o prefeito municipal, chefe de obras e vereadores, que prometeram resolver o problema, mas nada de efetivo e duradouro foi feito. Os pontos mais críticos, são duas curvas na subida, que além de serem fechadas, não estão cascalhadas, esses pontos se tornam escorregadios, principalmente quando chove e os caminhões não conseguem subir. Roberto relata que a prefeitura passa com as máquinas pela comunidade, mas que o problema não é resolvido de forma definitiva. “Eles passam a patrola e o rolo, mas não é cascalhado. Em alguns pontos onde foi colocado cascalho não ficou bom”, pontua Roberto.
A família teme que, se o problema das estradas continuar, a empresa integradora suspenda a parceria dos suínos. “Uma empresa não pode ter problemas sempre, se todas as vezes que virem carregar aqui tiver problemas, tiver perda de suínos, é uma questão de números, eles deixam de ganhar e se obrigam a cortar”.
O produtor diz que além de apontar o problema, aponta a solução para resolver definitivamente os problemas na estrada “Abrir algumas curvas, baixar alguns topes, cascalhar com grande quantia de cascalho, mas cascalho de qualidade e compactar bem a estrada, um trabalho bem feito, além de fazer tubulação e sarjeta, para que a chuva não leve o cascalho embora ou ainda fazer calçamento”.
A estrada não deve estar em boas condições apenas para Gilberto e sua família, ela deve estar em boas condições para que os demais produtores rurais escoem sua produção, para que os ônibus escolares transitem em segurança, para que os turistas que participam das rotas rurais de Anchieta consigam transitar com seus carros, independente se for uma caminhonete ou um carro baixo. Ter estradas em condições seguras e trafegáveis é um direito de todos os cidadãos. Esse é um direito apurado pela lei Nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro.
Hoje, além de Roberto, ajuda na produção de suínos Jorge Luiz de Lara, o genro de Gilberto. Gilberto sonha que no futuro, o filho, o genro e a neta, deem continuidade ao trabalho com os suínos, que ele iniciou há mais de oito anos. “Não abandonamos e não vamos embora porque isso é o trabalho da nossa vida inteira, mas é desanimador ver que nos municípios vizinhos há incentivo à agricultura, boas estradas e aqui não. Se tem incentivo do município em relação à terraplanagem, para ampliar o número de chiqueiros, por exemplo, e boas estradas, o Beto [apelido do filho Roberto], o Jorge e a Brenda [neta] tem condições de continuar aqui”, finaliza Gilberto.
O que diz a prefeitura
A Redação procurou a prefeitura de Anchieta na tarde de segunda-feira, dia 11, esta relatou que a Linha Medianeira tem dois acessos. “Um está em ótimo estado. O outro, que é mais íngreme, foi seriamente atingido pelas últimas chuvas e já está sendo arrumando, desde a semana passada. Estamos reabrindo e em seguida cascalhando”, informou a prefeitura.