O ladrão tá solto

Há um ladrão em Palma Sola que há meses vem furtando residências e comércios no município. Nos últimos dias, toda semana tivemos alguma informação a respeito dos roubos deste ladrão.
Eu, como jornalista, fui atrás de informações com a polícia. Me alegaram que não podem passar tais informações, que somente uma nota oficial através do P5 (serviço de divulgação da PM). Por força de lei eu não posso divulgar a foto ou o nome do larápio. Se eu fizer isto, certamente terei um processo para enfrentar, serei obrigado a gastar com advogado para me defender...
No final das contas, como jornalista, me sinto um bosta.
 
A polícia faz a parte dela
No final da segunda-feira, falei com um policial militar de Palma Sola que me confirmou a soltura do larápio; ele alegou que roubou para comer e foi liberado na audiência de custódia.
Vejam só, ele já foi preso pelo menos duas vezes em flagrante e mais uma vez por violência doméstica. Estas três prisões foram em flagrante, fora o número de residências e comércios furtadas por este sujeito, mas que não se pode comprovar a autoria. É sabido que este sujeito veio do Rio Grande do Sul, que há vários inquéritos contra ele por lá. Só em Palma Sola há pelo menos 5 inquéritos policiais contra ele, ou seja, boletins de ocorrência que se transformaram em inquérito para apurar os fatos
O que se passa na cabeça do policial que faz o seu trabalho, que prende o ladrão, e o ladrão é liberado pela justiça no mesmo dia.
No dia seguinte este policial se depara com o cidadão que teve sua casa invadida, tem que olhar nos olhos desta mãe, deste comerciante... assim como eu, o policial deve se sentir um frouxo.
O que falar para um pai de família, que tem filhos em casa e que já não sabe mais a quem recorrer?
O cidadão de bem – este que não rouba, não furta, trabalha o dia inteiro, tem a esposa também trabalhando para ajudar a pagar as despesas – faz o quê nesta situação?!
Se tranca em casa, deixa de ir trabalhar para proteger seu patrimônio e familiares?
 
Inversão de valores
Agora, experimenta este cidadão de bem derrubar uma araucária, matar um cachorro de rua que avançou no seu filho, matar duas pombas numa lavoura de soja! Vira criminoso.
O cidadão de bem vai responder processo, dependendo do crime ambiental vai no mínimo dormir na cadeia, pagar uma fiança caríssima, se bobear sai da cadeia usando tornozeleira, vai ter que contratar advogado para se defender...  E mesmo não tendo nenhum antecedente criminal, facinho, facinho ele vai gastar mais de R$ 20 mil para voltar a andar pelas ruas.
Estamos vivendo uma inversão de valores, o sujeito de bem preso dentro dos muros da sua própria casa para vagabundo ficar solto pelas ruas!


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