Após enfrentar o diagnóstico e um tratamento para combater um tumor, o palmassolense Samuel da Silva busca levar uma vida normal com família e amigos
A fragilidade da vida é uma constatação diária. Todos estamos à mercê do jogo do destino. Até mesmo, um rapaz cheio de vitalidade, com sonhos, objetivos, planos e muita coisa para viver, que vê sua vida virar de cabeça para baixo ao receber um diagnóstico: tumor cerebral.
A vida surpreende, e nem sempre é do jeito como gostaríamos. Samuel da Silva, 20 anos, mora em Palma Sola com a família, e sua batalha pela vida começou ainda no ano passado, quando apareceram os primeiros sintomas.
Os primeiros sintomas “Eu sentia muita dor de cabeça, na região dos olhos, fui ao médico e me disseram que poderia ser enxaqueca, ou problema de visão. Procurei um oftalmologista, mas não resolveu. E os sintomas estavam aumentando, sentia dores no maxilar, por isso procurei um cirurgião dentista, mas não encontramos a causa da dor. No fim do ano fui viajar para Florianópolis. Foram três dias, sentindo muita dor no ouvido, voltei e fui novamente ao médico. Dessa vez o diagnóstico foi diferente, me falaram que poderia ser início de depressão, mas eu sabia que algo não estava certo”, conta.
Samuel continuou investigando, procurou outro médico, recebeu pedido de exames e em 21 de fevereiro marcou a ressonância, em Chapecó. O resultado foi enviado por e-mail, quem visualizou o laudo foi a irmã Sabrina, que levou para a amiga da família, a dentista Laís, que ao ver as imagens da ressonância confirmou o que ela não queria acreditar que fosse verdade. Samuel estava com um grande tumor na cabeça. A segunda a saber foi a mãe Adriane, que contou para o esposo Leonir (popular Chila). Conforme Adri a noite foi terrível, com muito choro, insegurança e medo de dar a notícia ao filho. “No outro dia entramos em contato com o médico que solicitou o exame, e de imediato nos recomendou que procurássemos um ótimo neurologista, porque o caso era sério, e se tratava de um schwannoma do trigêmeo. Nós entramos em desespero. Pra nós era como se tivesse terminado tudo, como se o mundo fosse acabar”, lembra a mãe.
A angústia Então a família se reuniu e decidiram procurar o doutor Silvio Neugebauer, médico de confiança da família. “Ligamos pra ele que em alguns minutos veio até nós. Explicamos a situação e ele conversou com a filha Liana, que também é medica e nos recomendou um dos melhores neurologistas de Curitiba: Dr. Carlos Alberto Mattozo”, lembra Adri.
O contato foi feito, a consulta marcada, havia chegado a hora de falar com o filho, Samuel. “E então contamos a ele, que ele estava com um tumor, grave, mas que já tínhamos consulta marcada com um dos melhores neurologistas do Paraná, mesmo assim o baque foi grande”, conta a mãe.
Ao receber a notícia, inicialmente, Samuel não acreditou. “Eu não pensei em nenhum momento que poderia estar com um tumor, que eu poderia morrer. Mas quando vi meus avós tristes, comecei a me preocupar. Na sexta-feira de noite não consegui dormir, pois no sábado eu teria que internar em Curitiba, me passou pela cabeça muitas coisas ruins e preocupações”, lembra.
O maior medo de Samuel era ficar com alguma sequela grave da cirurgia. A família foi para Curitiba. Ao dar entrada no hospital Samuel passou por vários exames. Nessa hora a equipe do médico Matozzo conversou com ele, junto com a psicóloga da hospital, preparando-o para os procedimentos que precisaria fazer. O médico não estava no dia, e quando chegou no hospital, a pedido da mãe de Samuel, foi conversar com ela. “Inicialmente ficou acertado que a cirurgia seria na terça-feira, mas como era carnaval foi adiada, pois ele precisava de placas de titânio que não chegariam a tempo devido ao feriado”, explica a mãe.
A primeira cirurgia A cirurgia foi marcada para o dia 12 de março, mais uma semana de espera e angústia. Quando enfim chegou o dia, a família voltou à Curitiba. A cirurgia durou 14 horas e acreditava-se que mais da metade do tumor havia sido retirado. “Havia sido longa, mas na avaliação dos médicos foi um sucesso. O Samuel teve muita dor, ficou na UTI, mas se recuperou gradativamente”, lembra a mãe.
Quando voltou para o quarto Samuel ainda sentia muitas dores e teve que reaprender a caminhar por que não tinha mais equilíbrio. “O Samuel foi muito calmo para essa primeira cirurgia, por que como ele nunca havia ficado doente antes, não tinha noção do que estava acontecendo com ele. Chegou a entrar sorrindo na sala”, lembra Adri.
A segunda cirurgia Após a recuperação inicial, já começou a preparação para o segundo procedimento. A segunda cirurgia era para ser mais tranquila que a primeira, porém quando iniciaram a operação perceberam que o tumor era maior que o esperado. “Durante o procedimento ele perdeu muito sangue, fez transfusão sanguínea, a pressão não regularizava e ele teve duas paradas cardíacas. Foi muito difícil”, comenta a mãe.
Em compensação a recuperação foi mais tranquila do que a primeira. “Ele reagiu muito bem, os médicos se surpreenderam muito com sua recuperação. Agora, dia 12 de agosto, será feita outra ressonância e uma tomografia, só para monitorar, mas a princípio ele está bem, apenas com leves sequelas do lado esquerdo”, detalha Adri.
A reconsulta “Quando eu estava chegando no hospital ele me abraçou, conversou comigo. Me olhou e disse que era inacreditável eu estar ali, forte. Eu nem sabia o que falar para ele, mas acabamos conversando muito. Era gratidão minha em ter sido salvo por ele, e orgulho dele pelo trabalho que conseguiu fazer”, conta Samuel.
O momento mais difícil “Foi receber a notícia. O médico me disse que pelo tamanho que o tumor estava fazia pelo menos 15 anos que eu tinha ele, era por isso que eu sentia tanta dor de cabeça, cansaço, dor nos olhos”, lembra.
O apoio que recebeu “O que mais me ajudou foi o acolhimento de todos, mensagens, motivações, pessoas pedindo como eu estava, amigos, família. Eu, em nenhum momento pensei que não aguentaria, sempre quis que passasse logo, que terminasse, que eu melhorasse. Não via a hora que terminasse tudo e eu estivesse bem. E agora estou melhorando, o pior já passou”, comemora.
A mãe Adri fala sobre o apoio que a família recebeu. “A amizade, na nossa vida, é tudo! Você não tem noção a força que tivemos de pessoas que nos conheciam, ficavam o tempo todo ligando, pedindo como ele estava. Foi o que nos fortaleceu. Somos muito gratos pelo povo que torceu por nós, em especial o Dr. Silvio e a Liana, que foram nossos alicerces para que chegássemos até o doutor Mattozo”, afirma.
A partir de agora os cuidados com a saúde passam a ser constantes. “Vou ter que me cuidar mais. Eu antes era muito ativo, saia bastante, jogava bola e agora vou ter que parar um pouco, até a faculdade tranquei. Uma coisa que eu pedi pro médico e ele me liberou, é que eu quero fazer festa. Comecei a ver que tenho que dar mais valor pra vida, mas não fiquei diferente, quero ser sempre a mesma pessoa, que brinca, sai com os amigos e aproveita o que a vida oferece de melhor”, afirma.
“O Samuel surpreendeu a todos. Queremos dizer a todas as famílias que passam por coisas difíceis, que nunca desistam, o que temos que passar passamos, e tudo se resolve, de uma maneira ou de outra. E acreditem nos seus filhos, investiguem, cuidem e não duvidem deles”, confessa a mãe.
O pai, Chila, enfatiza os agradecimentos de toda a família à equipe médica, amigos e pessoas que os apoiaram. “Nunca pensávamos que algo assim poderia acontecer com a gente. Eu acho que Deus não escolhe pessoas, nem momentos. Precisamos ter força e fé para superar. Agradecemos a todos que estiveram com nós”, finalizou.
Samuel, também deixa seu agradecimento. “A Deus, aos médicos Silvio e Liana, a toda família, amigos e conhecidos, enfim a todos que de uma forma ou de outra me apoiaram nesse momento. Em especial ao Dr. Mattozo e sua equipe do Hospital Cajuru. Deus agiu através dele. Posso dizer que o segredo é nunca desistir dos desafios que a vida nos proporciona, no final das contas, tudo acaba dando certo, e você dirá: consegui. Gratidão pela minha vida”, finaliza.