12/06/2020 às 09h11min - Atualizada em 12/06/2020 às 09h11min

A supremacia branca e a incivilidade

Coluna de opinião do jornal impresso

Nos últimos dias acompanhei algumas notícias sobre as manifestas contra o racismo após a morte de George Floyd por um policial branco nos Estados Unidos e do filho negro de uma empregada doméstica, Miguel Otávio, que morreu ao cair de um prédio de luxo no Recife, enquanto estava aos cuidados da patroa, branca.
O texto aí acima até parece sensacionalista, mas não é. É fato, basta dar um google ou assistir aos noticiários. A ‘patroa branca’ foi presa em flagrante, pagou fiança de R$ 20 mil e agora responde em liberdade por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Quero aqui afirmar que o descalabro do preconceito racial está em todos os lugares. Está em Palma Sola, Anchieta, Flor da Serra do Sul, São José do Cedro, Guarujá do Sul, Campo Erê ou qualquer município brasileiro. É por ele estar em todos os lugares que notícias como a do menino de 5 anos ou do ‘negão’ dos EUA, ganharam as mídias e o noticiário tão rapidamente.
Muita gente se identifica com isto, seja aquele sujeito ‘mais moreninho’ que em algum momento sofreu com o preconceito ou como aquele sujeito branco racional que tem ojeriza ao racismo.
É triste ver a incivilidade de um sujeito que só se sente alguém quando menospreza, quando minimiza o outro. Isto me envergonha.
Quando este sujeito não cai em si, quando não entende que somos todos iguais, ele flerta com o racismo, acha que zombar do amigo em público é só uma brincadeira. Às vezes é, mas na grande maioria das vezes mostra o que ele sente intimamente: menosprezo pelo outro.
Há racismo estrutural no Brasil, mas isto não significa, no entanto, que o racismo ganhará o centro do debate.
 
Não sou torcedor de político
Falando em centro do debate, quero mais uma vez deixar claro que não sou torcedor de político. Melhor, não sou torcedor de sigla partidária.
Uso o termo torcedor na límpida analogia com o futebol. Não dá para olhar a política com os olhos de um torcedor. Todos somos diretamente impactados pelas ações dos governantes. Não somos meros expectadores, nós fizemos parte do jogo: trabalhamos, estudamos, confraternizamos, brigamos, enfim, vivemos este jogo da vida arbitrado pelo ‘politico’.
Não dá para ali atrás condenar a corrupção institucionalizada pelo PT, MDB e tantos outros e personificada em pessoas como o Lula, Dilma, Sarney e Temer e agora achar que está tudo certo com o nosso presidente Bolsonaro. Torço sim para que ele faça um bom governo, mas torço como torci para o Lula, Dilma, até o Temer. Não posso é deixar de perceber as coisas erradas. E as percebendo é preciso exigir correção.
Ali atrás aqueles que aplaudiam a cobertura jornalística da Globo, agora a condenam. Aqueles que falavam: ‘Saiu no Jornal Nacional a delação do Roberto Jeferson que prova o envolvimento do Lula no Mensalão’.
Ou seja, quando a notícia era favorável a expectativa, era verdadeira.
Agora, quando o Bonner, noticia: ‘Bolsonaro negocia com centrão’ é Fake News!
E os eternos torcedores do corinthiano Lula, dizem o quê agora? Afinal ali atrás diziam que o JN, que a Folha, que a Veja, a IstoÉ, o Antagonista, eram tudo de direita, tudo imprensa comprada. Mas comprada por quem? Pelo governo que criticavam.
E a turma que agora diz: ‘O Bolsonaro cortou a mamata da Globo’ cai na narrativa esdrúxula que tenta desqualificar a imprensa. Vão lá assistir a CNN, a Band News, o SBT, ou ler qualquer revista ou jornal sério do país. Todos estão fazendo aquilo que sabem fazer: noticiar os fatos, o que acontece. E no meio disto há os colunistas, os articuladores, estes que deixam claro a sua opinião.
Agora sobre a notícia, não cabe a imprensa opinar. Ela narra os fatos, como são, de maneira responsável e isenta. É o leitor, ouvinte, telespectador, ou internauta que vai concluir alguma coisa.

Igor Vissotto
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