18/07/2020 às 08h37min - Atualizada em 18/07/2020 às 08h37min

O que há por trás da máscara

Coluna de opinião do jornal impresso

Leio e ouço muitas especulações sobre o futuro pós pandemia. Como será a vida nas cidades, no trabalho, nas escolas, nos restaurantes? Como será o convívio com as pessoas, com a família, amigos e colegas de trabalho?
Quem poderia imaginar que, um dia, em vez de pegarmos a bolsa ou o guarda-chuva para sair de casa, pegaríamos a máscara? Essa indumentária meio estranha, meio esquisita que, de repente, passou a ser essencial como um sapato. O curioso é que as máscaras, na minha opinião, estão fazendo com que as pessoas fiquem menos “mascaradas”. Porque o acessório encobre quase todo o rosto; menos o olhar, que acaba ganhando destaque. Difícil se deixar enganar por um olhar mais triste, mais alegre, mais preocupado, apaixonado ou deprimido. Os olhos denunciam o amor, e a dor, assim como o sofrimento e o medo.
E o maior medo neste momento é de não podermos mais conviver fisicamente com as pessoas: olhar no olho, abraçar, beijar e ficar bem perto de quem gostamos. E aí nos deprimimos: será que vai ser assim para sempre, ou ao menos até inventarem uma vacina contra o coronavírus?
Ainda que o país e o mundo comecem a ensaiar um retorno à normalidade, ninguém tem a resposta segura de como será esse novo tempo. Por outro lado, não é apropriado ficar imaginando o nosso futuro. É um exercício meio inútil, porque o futuro, tal como o passado, não existem de fato, a não ser em nossa cabeça: o passado na forma de memória, o futuro como projeção. Tudo o que temos, de verdade, é o presente. Cada um de nós saberá o que fazer quando a vida voltar ao normal?
Talvez o segredo para superar a angústia das incertezas seja estar aberto ao que vier, sem expectativas. Independente do que possa nos atingir, precisamos estar cada vez mais fortes, física e espiritualmente. Quando as circunstâncias se apresentam como incontornáveis, como é o caso desta pandemia, as mudanças mais profundas vêm de dentro para fora.
Portanto, não espere um futuro determinado pelos outros. Como cantou Geraldo Vandré - deixando o contexto histórico de lado, porque o que interessa agora é a dimensão pessoal da conclamação: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Enquanto não conseguimos alterar as circunstâncias que nos rodeiam, como a proliferação do vírus, inventemos nossas próprias vacinas. Fortalecer nossa imunidade contra doenças do corpo, do espírito, da carreira profissional e das nossas relações de vida. Enquanto isso, vamos acreditar na Ciência e esperar pelos remédios e vacinas que já estão a caminho. Pesquisas, testes, experimentos, ensaios são passos para a efetivação do remédio que tanto queremos.

Texto de Lucilia Diniz
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