Assistindo um podcast no YouTube no canal Os Sócios falaram sobre um assunto que foi debatido na minha pós-graduação. Faço questão de compartilhar.
Para o filósofo Friedrich Nietzscheh há dois tipos de pessoas, ou melhor, dois tipos de tendência das pessoas: Pessoas que tendem mais a uma moral aristocrata, e pessoas que tentem mais a uma moral escrava.
Hoje é politicamente incorreto falar escravos, então podemos falar: moral dos senhores e moral de rebanho.
Nietzscheh dizia que uma pessoa de moral aristocrata tem uma ênfase endógena, ou seja aquela pessoa do ‘deixa comigo’, ‘eu resolvo’. É o tipo de pessoa que chama a responsabilidade para si mesmo, pessoa que faz as coisas na hora, pontual com prazos e datas, uma pessoa que quer se superar o tempo todo. Não necessariamente superar o outro, mas se superar.
Por outro lado Nietzscheh diz que há as pessoas de moral escrava com ênfase exógena, ou seja: pessoas que diante de um problema perguntam quem vai resolver aquilo, quem vai tomar uma atitude. O tipo de pessoa que sente, intimamente, depender de alguém, uma espécie de servidão voluntária. Aquele tipo de pessoa que gosta que alguém mande, dê ordem, que lhe digam o que fazer, como fazer. Pessoa que não quer ser dona do seu destino, quer que o destino esteja nas mãos de outra pessoa, até para ter de quem reclamar. Costuma ser aquela pessoa ressentida, contra tudo e contra todos.
Então, segundo Nietzscheh, estes são os dois tipos “exagerados” de pessoas que existem.
Um exemplo, você chega para uma pessoa que chegou atrasada numa reunião e fala: você está atrasado! Se for uma pessoa de moral aristocrata ela vai dizer: É verdade, estou atrasado, me desculpe. Já a pessoa com a moral de rebanho vai colocar a culpa em algo ou alguém, do tipo: foi o trânsito, tive problemas com meu filho.
Outro exemplo, uma pessoa aristocrata foi demitida justifica mais ou menos da seguinte maneira: Não consegui atender as expectativas da empresa. Acho que não soube jogar o jogo político da organização. Já a pessoa de moral escrava – quando demitida – fala o contrário: O meu chefe era um imbecil, muito chato. O pessoal tinha inveja de mim, não entendo o que eles fazem lá, pagavam mal.
Estes dois tipos de pessoas existem no mundo inteiro em qualquer época.
O Brasil tem uma formação étnica de pessoas que esperam. Percebemos isto nos livros de história: Os índios esperam da natureza... A população africana esperava do divino... A população portuguesa esperava da corte.
Culturalmente fomos moldados a esperar.
No Brasil é possível perceber por quê nós, sulistas, acabamos empreendendo em boa parte do país. Imagine um corte no Brasil de São Paulo para cima e São Paulo para baixo. Aqui no Sul tivemos influência forte dos italianos, dos alemães e isto nos diferencia.
Outro ponto é que ninguém é absolutamente escravo ou aristocrata. Temos tendência. Neste ponto entra o ambiente, seja ele da empresa onde você trabalha, de local onde você mora ou do próprio país.
Há países que te estimulam a usar mais da sua moral aristocrata, como há países que te estimulam a moral de rebanho. É o tipo de comportamento que se percebe nas escolas.
Entendo que numa empresa é fundamental estimular a meritocracia.
Por muitos anos o ambiente de negócios no Brasil nos estimulou a termos uma moral de rebanho, exemplo: no passado o sonho era ser funcionário do Banco do Brasil, depender dos outros e falar mal do governo. Em alguns outros países o que prevaleceu foi a moral aristocrata, seja por fatores religiosos ou étnicos. Então tivemos países que entenderam que nós todos devemos esculpir-nos a nós mesmos, que o destino está nas nossas mãos.
Por: Igor Vissotto
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