Os tombos da vida

Domingo fomos almoçar na casa da sogra. A previsão era de chuva, mas amanheceu um sol agradável, fomos a pé. Eu e a Mari de mãos dadas, a Lorena e o Augusto de patinete. A Lorena ainda estava eufórica com o patinete novo, de duplas rodas dianteiras. A euforia dela motiva o Augusto a sair dos brinquedos elétricos e se movimentar fisicamente.
Aquele tradicional almoço da casa dos sogros. A pedido da sogra chegamos cedo, por volta das 9h30. O sogro tava em volta, atrás de uns brique, a cunhada saudosa porque o marido foi assistir uma etapa do Moto GP na Argentina, uma semana fora...
Estou lá fazendo uma caipira e a criançada naquela algazarra. Lorena 7 anos, Augusto 4 anos e a Olívia está com 1 ano e dois meses, começando a andar. Algazarra que eu adoro, afinal criança traz vida para dentro de uma casa.
A Marieli já vinha alertando: ‘Vão acabar se machucando com estes patinetes’; ‘Eles estão descendo a rampa muito rápido’. Eu nem thum, de tanto ela falar uma hora resmunguei: ‘Deixa brincar, só cuidar pra não trompar na Olívia!’.
Não deu 10 minutos meu filho se esborrachou no asfalto. Aquela coisa clássica, desceu a rampa de acesso à garagem, chegou no final, a ponta do patinete raspou numas pedrinhas soltas e ele deu de cara, melhor: nariz, beiço, boca e ombro no asfalto.
Sangue, mulher circuitando, sogra correndo, sogro pescoceando e eu a caminho de fazer mais uma caipira. Parei, olhei de longe, mal ele levantou a Mari num puxão só o pegou nos braços. Foi aí que ele abriu a goela. A Marieli – no instinto Rochemback – subiu me xingando.
Dei rizada, vi que não era nada tão sério. Um óculos riscado, beiço inchado nariz sangrando e ombro doendo. Nada que beijos de pai e mãe não façam curar.
Na sexta-feira deixei o Augusto fazer um corte de cabelo estilo moicano. Depois do tombo pensa num guri que tá feio, parecendo um Viking voltando da batalha.
Na segunda fui escovar os dentes dele, ele se olha no espelho, cara inchada de dormir, levanta os lábios e diz: “Pai, até eu tô com dó de mim” e emenda: “Mas pai, você ainda me acha bonito né...”
 
 

Por: Igor Vissotto