15/03/2023 às 17h16min - Atualizada em 15/03/2023 às 17h16min
Viciados dopaminérgicos
Coluna de opinião do jornal impresso
Francieli Perondi
A primeira vez que ouvi falar sobre esse tema, com o psicólogo Eslen Delanogare, fiquei bem impressionada com o conceito. Basicamente o que ele diz é que nós nos tornamos viciados em dopamina, mais conhecida como "hormônio da felicidade".
Mas, se é o hormônio da felicidade, por que isso seria um problema? E a resposta, meus caros, é bem simples. É um problema porque a vida contém sofrimento, frustração e deveres, que estão para além da sua felicidade.
O que ele explica, maestralmente, é que isso está acontecendo basicamente por conta do celular, ou melhor dizendo, por conta dos aplicativos que chegam até nós através do celular. Mais especificamente o Instagram/Facebook, e agora, de uma forma muito mais aprimorada, com o TikTok.
O que acontece é: esses aplicativos foram vendidos com a ideia inicial de compartilhar momentos e conectar pessoas. Mas hoje, são muito mais do que isso. São plataformas, algoritmos e estudos pensados, planejados, milimetricamente calculados para manter você com os olhos grudados na tela o máximo de tempo possível. Pois assim, a inteligência artificial é capaz de aprender os seus gostos, o seu estilo, e dessa forma consegue vender essas suas preferências para empresas que estão interessadas em te vender algo do ramo.
Quando mais tempo você fica na tela, mais permissões você concede, mais informação você deixa, e mais o algoritmo aprende sobre você. E quanto melhor ele te conhecer, mais dinheiro as grandes empresas de tecnologia receberão por vender o que aprenderam sobre você, e assim ajudar marcas a ditar o que aparecerá para você em anúncios, cada vez mais personalizados, com o intuito de vender!
Nunca devemos nos esquecer da ideia de Andrew Lewis “Se você não está pagando pelo produto, o produto é você!”. Ele está certo, você não paga para usar Facebook e Instagram, porque é você que está sendo vendido pelo Facebook e Instagram.
E com todo esse valor agregado, mais e mais estudos são desenvolvidos para entender e aprimorar formas de manter você viciado, rolando o feed infinitamente para baixo, (ou para o lado), de novo e de novo, e de novo. E é assim que vamos matando nosso tempo, nos entretendo com qualquer coisa (a maioria delas inútil), como uma forma de "fugir um pouco da realidade", até chegarmos ao ponto de ter crises de abstinência por não conseguir ficar longe o celular, mais especificamente das redes sociais feitas para o entretenimento.
E assim, toda uma geração já sofre com as consequências de ser viciados dopaminérgicos. Rolando o dedo na tela atrás da próxima migalha de estímulo, buscando o próximo meme que o fará rir, perdendo horas, de 15 em 15 segundos (o tempo médio de um vídeo do TikTok).
Por: Francieli Perondi
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