16/11/2024 às 09h00min - Atualizada em 16/11/2024 às 09h00min
Sonhos
Coluna de opinião do jornal impresso
Igor Vissotto
Há muitos anos eu tinha vontade de ter uma moto de alta cilindrada. Em setembro realizei este sonho. Nos dias seguintes andava pela cidade, pequenos trechos até as cidades vizinhas e logo veio um convite para fazer uma viagem de quase mil quilômetros de moto com dois primos, cunhado e amigos. Fiquei receoso, mas fui. A viagem foi ótima, tudo correu bem, mas vou vender a moto. Não tenho braço para pilotar uma moto destas a mais de 180 quilômetros por hora.
Deixa-me contextualizar melhor a minha história com motos, 12 anos atrás eu tinha moto, menor de 300 cilindradas, fiz algumas viagens e estava tudo certo até o primeiro tombo, a uns 70, 80 quilômetros por hora num calçamento. Quebrei alguns ossos, me ralei inteiro. Arrumei aquela moto e vendi.
Com o passar dos anos a vontade de voltar a andar de moto só aumentava. De uma hora para outra comprei! Minha mulher pirou, minha mãe chorou e o meu filho adorou o ronco da moto...
A viagem foi no último final de semana para Ituizango, na Argentina. Por lá as estradas são ótimas, paisagens belíssimas, retas de até 40 quilômetros. Durante todo o percurso andei com cuidado, com medo de cair, a cada pouco pensava: ‘vai com calma, você tem dois filhos para criar’.
Com uma moto que deve bater uns 250 km/h, não passei de 180 nem nas maiores retas. Minha velocidade média entre 120 a 140, não mais que isto. Meus primos e amigos me ultrapassavam o tempo todo. Todos gente boa, no final das contas ficavam me esperando.
Estou com 41 anos, quero viver para brincar com os netos que meus filhos ao de dar.
Tenho consciência das minhas limitações, admito que perdi o timing de ‘aprender a andar de moto’, agora é viajar de carro, com a família, casais de amigos, coisa de quem está chegando perto da metade da vida.
Por ora, um obrigado aos companheiros de viagem, grato pela parceria, rizada e memórias com este grupo de motociclistas.