O papel do advogado no conflito familiar

Coluna de opinião do jornal impresso

Juliane Silvestri Beltrame
18/01/2025 10h00 - Atualizado há 3 dias
 Cada dia que passa mais problemas familiares estão sendo levados para o estado resolver. Muitos desses conflitos se resolvem pela via da conciliação e mediação, mas grande parte dos referidos conflitos desembocam nas varas de família, culminando com uma sentença que muitas vezes só resolve o processo, mas não o problema familiar.
As partes até tomar coragem de ajuizar uma demanda ou pedir auxílio extrajudicial, já passaram por muitas dores e mágoas, estando severamente fragilizadas, quer seja pelo término de uma relação afetiva, quer seja pela disputa da guarda de um filho, debates acerca da pensão de alimentos, dos bens que guarnecem na residência, entre outros motivos, razão pela qual é necessário um olhar mais sensível e acolhedor dos profissionais que irão atuar na defesa dos interesses das partes envolventes.
Diante disso, é de suma importância o preparo emocional, dos magistrados, promotores, defensores e advogados, cada um dentro do seu âmbito de atuação, devem buscar sempre a solução consensuada mesmo que, em um primeiro momento não tenha se mostrado viável, isso para possibilitar um convívio cordial entre as partes, evitando assim a perpetuação, não somente dos processos, mas, principalmente, dos conflitos.
Ocorre que dentro desse contexto, os advogados possuem um papel fundamental nessa missão apaziguadora, isso porque estão mais próximos das partes, razão pela qual conseguem mostrar de forma próxima os caminhos do processo, traçando os prós e contras de um litígio acalorado, para massagear o ego.
Nas comarcas do interior, geralmente os profissionais atuantes, já entraram na onda de que advogar de forma aguerrida na defesa dos direitos do cliente, não resulta no melhor caminho. O advogado que preserva o interesse do cliente, ouve os argumentos, dialoga, tem empatia com o outro, busca um ponto de equilíbrio fora do ganha x ganha, consegue entregar um melhor resultado para o futuro.
Nesse sentido, o advogado, que hoje ainda é formado para falar pelas partes, para defender, representar, persuadir, argumentar, saber as respostas e resolver os problemas dos clientes, precisará, num processo de mediação, desconstruir e se reconstruir como profissional.
O novo advogado reconhece que o cliente sabe melhor o que é bom para a sua vida e da sua família. Pouco importa se ele tem direito, se ele poderia “ganhar” mais, se a jurisprudência está a seu favor. Importa que ele e sua família sejam felizes.
Assim, na mediação, o advogado deve dar espaço ao seu cliente para expressar os seus sentimentos, seus desejos, suas necessidades, saindo das posições fechadas externalizadas nas propostas.
Isso porque a mediação guia as partes para descobrirem quais são os seus próprios interesses e comunicá-los ao outro, assim como acolher os interesses do outro, construindo um acordo que atenda bem a todos. É por isso que o antigo papel do advogado, de trocar e negociar propostas é incompatível com a mediação.
Assim, é extremamente importante que os advogados familiaristas conheçam os instrumentos e ferramentas da conciliação e mediação, exercitem a escuta ativa, assumindo o papel de um agente transformador nos conflitos do âmbito do direito de família, contribuindo para a pacificação da sociedade, finalidade maior dos agentes do sistema de justiça.
 
Por: Juliane Silvestri Beltrame Advogada familiarista e escritora.
 
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