03/11/2022 às 08h25min - Atualizada em 03/11/2022 às 08h25min
Para quem está “De Luto pelo Brasil”
Coluna de opinião do jornal impresso
O mundo não acabou. Sua vida não chegou ao fim. Assim como a segunda-feira foi igual, amanhã será a mesmíssima coisa. Vocês foram levados, por quase dois anos, por uma correnteza de conteúdo político esquizofrênico. O que tem de criança chorando - criança! De cinco, seis, sete anos. Seus pais fracassaram tanto que deixaram crianças desesperadas, jurando que tudo estará pior porque o Bolsonaro não se elegeu. Não podemos normalizar esse tipo de coisa. Os últimos seis meses foram tristes, diante do volume obsceno de notícias falsas, para todos os lados, lives que pregavam o fim do mundo, notícias que eclodiam no meio do final de semana, pais e mães de família pilhados, 24 horas por dia, como se a ÚNICA via de salvação fosse a merd* de uma eleição.
E, quando você queria tentar se livrar um pouco disso, e ir à igreja rezar, todos os sermões eram políticos. Amigas de paróquia brigaram. Madrinhas e padrinhos deixaram de se falar. Enrolaram todas as imagens de santos com a bandeira do Brasil ou do PT. Grupos de condomínio, um inferno; festas e confraternizações da firma foram divididas; vocês lembram do último almoço de família onde, simplesmente, Lula e Bolsonaro não ocuparam todo o espaço?
Não é normal. De novo: não é normal. Não é saudável - pra você, pros seus filhos, pro seu trabalho, pro seu espírito. Vocês foram envenenados pela turma que produz conteúdo político para viver, mas precisamos falar: “Ei, acorda! Mudou nada! De volta ao jogo!”. Não se acovardem. Cresçam. Trabalhem. Conquistem. Não existe concorrência. A única pátria que existe é a família de vocês.
Na segunda-feira, logo cedinho, as padarias, mercados, lojas, o comércio inteiro abriu normalmente. Os tios do “café da manhã” chegaram às quatro, como sempre chegam, nas saídas dos terminais. Os escritórios estavam cheios, reuniões foram marcadas, consultórios de dentistas e médicos atendendo pacientes. Os despachantes assinaram suas papeladas, as crianças foram para a escola e os velhos estavam nos postos de saúde para fazer seus exames. A academia estava cheia, os jornais transmitiam notícias, e como em todos os outros dias, milhões de pessoas acordaram para ganhar - e outras tantas milhões acordaram para reclamar, terceirizar a culpa e se arrastarem até o próximo final de semana.
Texto de Ícaro de Carvalho.
Por: Francieli Perondi