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18/03/2016 às 17h44min - Atualizada em 18/03/2016 às 17h44min

Tracutinga faz parte da história de Flor da Serra

Área fica em Dionísio Cerqueira, mas faz divisa com Flor e Palma Sola. Vila chegou a ter 100 famílias

Das lembranças da antiga vila Tracutinga, Domingos Pavan, antigo morador, recorda de uma comunidade próspera. “Todos diziam que era para ser uma cidade, pois moravam na vila mais de 100 famílias, havia pelo menos cinco serrarias com beneficiamento de madeira, fábrica de aberturas, olaria, salão de bailes, bolão, açougue, soque de erva-mate, cancha de carreira para cavalo, campo de futebol, igreja, bodegas e ponto de ônibus para outros municípios”, lembra Domingos, 76 anos, que atualmente mora na linha São Francisco, em Dionísio Cerqueira.

Domingos conta que em uma das festas que a comunidade realizou foram trazidas 40 grades de cerveja de Pato Branco. “E quase nem deu conta da sede do povo”, lembra rindo.

A vila Tracutinga ficava muito próxima da cabeceira Manoel Velho, onde fica o limite de Palma Sola, Flor da Serra do Sul e Dionísio Cerqueira.

Ainda conforme o antigo morador, o auge da vila Tracutinga foi por meados de 1960. “Viemos morar na vila em 1957, com minha mãe e meu irão João”, explica Domingos. A família era sócia-proprietária do Hotel Gaúcho Tracutinga, junto com o tio Unisio Santolin [que residiu em Palma Sola]. O hotel hospedava viajantes que passavam pela estrada que ligava Pato Branco até Dionísio Cerqueira. “Essa estrada de asfalto [BR-280 que liga Flor da Serra do Sul até Dionísio Cerqueira] tinha outro trajeto na época. Então mudaram a estrada principal e a vila foi ficando menor”, recorda.

A vila foi ficando com menos famílias e na década de 70 acabou sumindo. “Terminaram os pinheiros dos arredores e as serrarias foram parando de trabalhar, os empregados foram embora e o asfalto principal trocou de lugar. Foi uma soma de fatores que fez a vila sumir”, lamenta Domingos explicando que do local só sobrou um antigo cemitério. “Onde eram as casas e todas as serrarias, tudo mesmo, é hoje em dia plantação dos granjeiros. Não tem mais nada”, afirma.

 

MALDIÇÃO

Um fato curioso marca a história da antiga vila da linha Tracutinga. Contam que havia um pistoleiro valente chamado Raul Teixeira que amedrontava muitos moradores da região. Ele sempre vinha visitar a vila Tracutinga com seus parceiros e sempre fazia arruaça. Dizem que uma vez Teixeira para provocar um padre o forçou a abençoar seu cavalo, e que após fazer a benção, quando ia embora o padre furioso amaldiçoou a vila Tracutinga: ‘Esta terra há de virar apenas potreiro e cemitério’.

“É história que contavam, mas eu não acredito, porque foi muito habitada depois disso. Essa história surgiu antes de eu ir morar na vila [em 1957]”, explica Domingos afirmando que verdade ou não o conto é engraçado e retrata um pouco da época. “Existiam mesmo alguns pistoleiros, mas a polícia foi fazendo uma limpa. Dizem até que esse Teixeira e a turma dele foram mortos pelo delegado e os policiais”, lembra Domingos. Ele recorda ainda que na época que residia na vila os policiais eram o cabo Anildo, Faustino e os soldados Dalavi e Paulo. “Esses não eram da mesma época dessa história da maldição, mas eram muito queridos por gente de bem”, finaliza. 


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