20/08/2024 às 15h00min - Atualizada em 20/08/2024 às 15h00min

A chegada da Coluna Prestes

Trechos do livro "Um Povo Chamado Campo Erê" relatam a passagem histórica da Coluna Prestes pela região.

Jéssica Rebelatto
Campo Erê
Mesma fazenda tomada por Prestes “Perseverança”, vemos o galpão coberto de tabuinhas. Da esquerda pra direita aparecem Ângelo, capitão Rocha e seu neto João Neir. (Foto: Divulgação)
Nesta edição, o Jornal Sentinela traz a chegada da Coluna Prestes em Campo Erê. Suas memórias ganham vida no livro “Um Povo Chamado Campo Erê”, que celebra os 50 anos da cidade. Escrito por João Neir Pontes Rocha e lançado em 2008, o livro narra a história de várias famílias pioneiras em Campo Erê, Palma Sola e região. Nesta edição, vamos compartilhar trechos do livro que contam a história da Coluna Prestes.
Em 1924, a cidade de Campo Erê, em Santa Catarina, foi palco de um episódio marcante na história do Brasil, com a chegada da Coluna Prestes, liderada por Luís Carlos Prestes. Na tentativa de resistir à passagem dos revolucionários, Antônio Rocha, um fazendeiro local, reuniu seus vizinhos e organizou uma expedição de reconhecimento. Rocha solicitou reforços ao Major Manuel Lustosa Martis, de Clevelândia, mas teve seu pedido negado. Determinado a proteger suas terras e rebanhos, ele enviou 21 homens, incluindo um sargento do governo, para investigar a trilha que ia de Campo Erê em direção à Argentina.
Durante o percurso, um grupo, liderado pelo avô de Rocha, prendeu um batedor da Coluna Prestes que estava à procura de um local para acampamento. A prisão do homem revelou que os revolucionários planejavam surpreender as forças governistas. Preocupado, Antônio Rocha despachou João Maria Ferreira, conhecido como Esterlino, para alertar o sargento sobre o perigo iminente. No entanto, o aviso foi subestimado, e o sargento preferiu descansar antes de retornar, o que resultou em graves consequências.
Na madrugada seguinte, um dos homens de Rocha, Legário de Lara, percebeu a emboscada iminente e tentou escapar. Ele foi o único a sobreviver ao ataque dos soldados de Prestes, que dizimaram o piquete de 21 homens enviados por Rocha. Este episódio trágico deixou marcas profundas na história local, dando nome à Fazenda Sargento, em homenagem ao militar que perdeu a vida na emboscada.
A situação se agravou quando Antônio Rocha, sem reforços suficientes e com suas forças em menor número, teve que abandonar sua fazenda e se retirar para Clevelândia. Ele enterrou diversos utensílios valiosos, que até hoje permanecem perdidos. A Fazenda Perseverança, que foi ocupada pela Coluna Prestes, tornou-se o quartel-general dos revolucionários por 40 dias. Ali, as tropas de Prestes utilizavam o gado de Rocha para se alimentar, enquanto preparavam suas estratégias militares.
A resistência continuou em outras localidades, como no Rio São Francisco, onde ocorreu uma das maiores batalhas entre as forças governistas e os revolucionários. Um soldado do coronel Sebastião Varela conseguiu eliminar o metralhador de Prestes, forçando a retirada dos revolucionários para Campo Erê. Apesar de algumas vitórias, os danos causados à região foram devastadores. O gado e as terras de Antônio Rocha foram saqueados, e ele nunca recebeu compensação pelo que perdeu.
A Coluna Prestes, conhecida por sua habilidade tática, continuou sua marcha, deixando um rastro de destruição em Campo Erê. Os sobreviventes da resistência e as famílias locais enfrentaram enormes dificuldades. No entanto, a história dessas batalhas e da luta pela sobrevivência dos habitantes da região foi preservada, sendo passada de geração em geração, e permanece viva na memória de Campo Erê. A cidade, que já foi um importante ponto de resistência, hoje guarda em suas raízes o legado daqueles que enfrentaram a Coluna Prestes, marcando um capítulo significativo na história do Brasil.
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