Pai, avô, esposo, amigo e um homem que construiu a vida pelo suor do trabalho. Estes eram os perfis de Jorge da Rosa, um sulflorense muito conhecido e amado, que faleceu nesta madrugada vítima de infarto. Ele nasceu em São Miguel do Oeste, no dia 14 de novembro de 1.954 e estaria completando 66 anos no próximo sábado.
Era filho de Clementino da Rosa e Helena Cadore. Foi casado com Marlene da Rosa (em memória), e desta união, que durou 24 anos, nasceram: Simone, Alexandre e Patrícia, dos quais teve oito netos. Os seus últimos 15 anos foram vividos ao lado de Jussara Alves; mãe do seu quarto filho: Erick. Chegou em Flor da Serra do Sul em 93, como encarregado da empresa de construção e obras Viganó.
Para o prefeito da época, Luiz Guimarães, em entrevista ao Sentinela, este homem tinha capacidade de constituir seu próprio negócio, e foi o que ele fez logo em seguida. “Ele era uma pessoa de caráter e responsabilidade. Lembro que disse a ele para constituir a sua própria empresa, pois sempre teria trabalho. Era competente e do jeito dele, foi conquistando o município e região. Quanto mais dificuldades que apareciam, ainda mais neste ramo, ele surpreendia, porque sabia contornar o jogo de cintura”, comenta.
Segundo ele, hoje é possível ver em qualquer parte do município e em todas as administrações a sua marca, pois foram muitas obras realizadas. Não só no município, mas em toda a região, englobando municípios como Barracão, Guarujá do Sul, Pinhal de São Bento e inclusive, Palma Sola. “Há algum tempo, ele havia comprado uma máquina de fazer meio fio, o que o ajudava na qualidade do serviço”, continua acrescentando que as memórias são muitas, mas que a saudade e o carinho serão eternos.
“O irmão que nunca tivemos”
Todos que o conheciam, guardam consigo belas lembranças. Especialmente o seu Clóvis, proprietário do bar que era muito frequentado por Jorge. À redação, ele conta que veio ao município na década de 90 e logo fez amizade com o sulflorense, que passou a frequentar o seu negócio de segunda a segunda. “Aqui todo mundo conhece ele. Era amigo de todos e um bom companheiro de baralho. Além disso, o meu cliente número um, que vinha todos os dias para jogar e conversar com o pessoal. Só não veio ontem porque ficou doente”, relembra frisando que todos queriam o seu bem. “Era um irmão que nunca tivemos”, diz.
Uma das funcionárias do bar conta que ele era uma pessoa fechada, que não bebia, mas sempre arrancava os melhores sorrisos de todos a sua volta. “Um dos seus sonhos era comprar uma caminhoneta nova, e ele até já havia olhada algumas. Com essa pandemia, ele deixou de jogar o tão amado baralho porque não queria pegar o vírus. Queria viver para realizar mais um sonho”, acrescenta.
“Meu segundo pai”
Para o palmassolense Mansueto Ferazzo, o seu Jorge era como um pai. “Tenho a mesma idade do filho dele, o Alexandre, e quando éramos crianças, lembro que ele sempre pagava coca e salgadinho pra nós. Com toda a certeza, ele era um pai muito bom e foi um pra mim também, além de ser uma referência e deixar bons exemplos”, expõe.
“Ele teve uma vida muito sofrida. Na época em que ele chegou na Flor, a prefeitura era muito fraquinha e ele acabava não recebendo nos dias certos. Como o meu pai eram comerciante e trabalhava neste mesmo ramo, a amizade entre os dois foi rápida. O Jorge acabou fazendo algumas dívidas com a loja, e como ele recebia pouco, logo quis quitá-las entregando a própria casa. Meu pai com toda certeza desconsiderou essa ideia. Isso nos mostra o quanto ele era humilde e certo”, continua.
“Meu pai trabalhava muito e não tinha tempo de nos dar atenção, mas ele tinha. Ele nos ensinou a jogar baralho e nos levava para jogar futebol. Ele poderia ter só R$ 10 no bolso, mas nos dava. Pagava os lanches mesmo sabendo que não tinha condição daquilo. Ele sempre foi muito disposto e fez algumas obras pra mim recentemente. Lembro que antes de me casar, foi ele que construiu os muros da minha casa. Nunca precisei fazer uma medição das obras, sempre foi totalmente certo. Na semana passada, ele esteve aqui e sempre foi o meu cliente. Ele era uma pessoa diferenciada e não tenho palavras para expressar o meu carinho”, finaliza.